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"O maior pecado da Igreja Católica"!


(Prof. Chico Gretter)*


Grupos de religiosos conservadores tradicionalistas, reacionários e a "renovação carismática" eram setores dentro da Igreja Católica que, nas décadas de 70, 80, 90... apoiaram a direita e a extrema direita dentro da Igreja Católica e hoje apoiam o bolsonarismo! Foram estes setores que perseguiram os católicos que faziam trabalhos sociais nas periferias (anos 70, 80 e início dos anos 90), acusando-os de "comunistas", igualzinho ao que os “bolsomínions” fazem hoje!

Estes grupos tradicionalistas, conservadores e reacionários prosperaram dentro da Igreja porque tiveram apoio de muitos padres, religiosos e bispos, inclusive em Roma com o Cardeal Hatzinger (eleito Papa como Bento XVI em 2005) e o Papa João Paulo II. Sabemos das agruras e perseguições sofridas pelas populações do leste europeu com a implantação das ditaduras “comunistas” impostas pela ex-URSS. Todavia, a ignorância do papado de João Paulo II e depois do Papa Bento XVI quanto às profundas diferenças entre o "comunismo soviético" e a Teologia da Libertação da América Latina é que levaram a esse descalabro pastoral contra a Igreja progressista da América Latina. Nem falemos dos acordo do Vaticano com os governos dos EUA, tendo como cimento ideológico o anti-comunismo macarthista e a corrupção no Banco Ambrosiano do Vaticano.

As práticas de pedofilia dentro da Igreja Católica, principalmente nos EUA (e não só a Católica) servem mais como cortina de fumaça que a mídia neoliberal capitalista usa para que essa perseguição às CEBs e à Teologia da Libertação seja esquecida, transformando um problema político e social num mero problema moral.

Problema moral e sexual de membros isolados das igrejas, embora não poucos, e de um clero que se afastou da "opção preferencial pelos pobres", se escondendo sob o véu das cerimônias litúrgicas separadas da vida, dos cultos carismáticos onde se brincou com o Espírito Santo como se a terceira Pessoa da Santíssima Trindade fosse um psicólogo de auto-ajuda, um curandeiro ou mágico, o que muitas igrejas ainda o fazem, inclusive pelos canais da TV.

A pedofilia é um grande mal presente nas igrejas que pregam o celibato, presente na sociedade em geral, mas não foi o mal maior da Igreja Católica; o mal maior foi a Igreja ter se afastado do Concílio Vaticano II, ter se afastado das orientações de Medellín e de Puebla, cujo fundamento pastoral fora a opção pelos pobres e as ações sociais das CEBs.

Espero não estar ofendendo nenhum católico ou evangélico com estas reflexões, que são reflexões de alguém que já foi membro da Igreja Católica, religioso da Companhia de Jesus, mas que se tornou um agnóstico convicto, não por despeito ou mágoa, mas por indagações filosóficas que me levaram a uma profunda crise de fé, jamais superada nos últimos 40 anos. Também desejo de coração que meus questionamentos, feitos agora "de fora", possam ajudar a Igreja a voltar para o caminho de uma pastoral fincada na vida do povo, “povo marcado, povo feliz”. Que possamos viver pelo menos em parte as bem-aventuranças daquele grande cara chamado Jesus de Nazaré, região da qual nada podia vir de bom, segundo os fariseus! Que abandonemos o nosso farisaísmo moral, religioso e político.


Bom dia! 02/05/2023 -


*Prof. Chico Gretter: professor de história e filosofia há mais de 35 anos, mestrado em Filosofia e História da Educação - FEUSP, Conselheiro Estadual da APEOESP e presidente da APROFFESP - www.aproffesp.blogspot.com

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