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O INIMIGO DO MEU INIMIGO NÃO É MEU AMIGO!


Aldo dos Santos***



Vários textos sobre o ensaio dos golpistas realizado no dia 8 de janeiro de 2023 dão conta da engenharia política que está no entorno deste fatídico episódio.

Textos de Frei Beto, sobre o “golpe abortado”, do “Boaventura: as conexões externas do golpismo”, do “Safatle: usar a força contra a força”, dentre outras centenas de manifestações que circulam nas redes sociais, fundamentam os erros e acerto, ações e omissões sobre os fatos que envolveram os acontecimentos amplamente denunciados, mundialmente.

Por enquanto, os neofascistas não conseguiram "derrotar os comunistas", embora numa disputa histórica no âmbito da luta de classe, já registrada há mais de 175 anos no início do livro Manifesto Comunista, podemos constatar que : o espectro do comunismo não ronda apenas a Europa, mas, felizmente em todas partes do mundo.

Por mais que evitem politizar o referido momento político e ataque às instituições criadas pela burguesia, para os militantes neofascistas o foco do seu combate se localiza na ação contra a bandeira vermelha dos movimentos sociais, a defesa da moral conservadora e cristã e o medo implacável da implantação do comunismo no Brasil.

Neste contexto, parafraseando Marx, precisamos atender o chamado internacionalista que também está no citado manifesto: “comunistas do mundo inteiro Uni-vos!”, visto que os capitalistas do mundo inteiro, em suas variáveis ideológicas também continuam unidos.

No atacado, a burguesia e seus representantes marcham unidos na defesa da propriedade privada, na defesa intransigente dos meios de produção e acumulação do capital, na defesa de suas instituições, e, quando muito, frações da mesma burguesia por vezes e pontualmente combatem os excessos na própria carne, ora por excesso de zelo, ora para impedir o crescimento dos setores da esquerda revolucionária. No cálculo deles, neste momento, é melhor combater os extremos e apostar na consolidação da socialdemocracia.

No varejo, o mercado de ideias e comportamentos são inúmeros, desde os que tratam inimigos como aliados e amigos, por vezes enaltecendo as figuras que do ponto de vista da classe nunca estiveram no mesmo vagão do trem da história da classe trabalhadora e se esquecem de que deveriam estabelecer o diferencial programático para além da disputa eleitoral, rumo ao poder da nossa classe, se limitando as vezes a defesas contundentes do "estado democrático de direito".

Exemplo: as forças armadas, a intuição da polícia militar, o legislativo, o executivo formal e o judiciário sempre foram os inimigos da classe trabalhadora e de repente, observamos uma defesa inconteste como um fim em si mesma, subordinando a nossa estratégia revolucionária a tática eleitoral permanente.

Claro que nesta transição para um governo progressista de frente popular, que abarca todas as forças e concepções de gerenciamento do poder, tudo aquilo que é de interesse estratégico da nossa classe, vamos reconhecer e saudar, porém, não podemos confundir que os inimigos dos nossos inimigos são nossos amigos, são igualmente nossos inimigos nesta caminhada e encruzilhada da história.

Vejam o STF, ainda ontem foi conivente com o golpe da Dilma, o ministro Alexandre de Morais, que para vários setores da esquerda vem sendo louvado e vangloriado, foi o mesmo Alexandre que me condenou com a perda dos direitos políticos por 5 anos e ter que pagar uma multa que hoje está em torno de 1 milhão de reais, pelo fato de ter apoiado em 2003 a ocupação Santo Dias em São Bernardo do Campo. Uma ocupação promovida pelo MTST, e na condição de vereador à época, tomei partido ao lado dos sem tetos, exercendo a necessária solidariedade militante.

Nosso inimigo de classe, que combate momentaneamente parte da classe inimiga, continua sendo meu inimigo de classe!

Este provérbio amiguíssimo merece por parte do todos e todas, nossa profunda reflexão, sempre no contexto dos conflitos da conjuntura.

Nossa tarefa no apoio a eleição e na governabilidade do presidente Lula se materializa no contexto da luta de classe, na derrota dos neofascistas e que possamos educar nosso povo para a edificação de um mundo novo que sonhamos e construímos no cotidiano.

"Há todo um velho mundo ainda por destruir e todo um novo mundo a construir. Mas nós conseguiremos, jovens amigos, não é verdade?".(Rosa Luxemburgo)

Ditadura nunca mais e nenhuma anistia aos neofascistas e golpistas.


Aldo dos Santos – militante do movimento sindical, da filosofia e filiado do Psol.

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