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A inflação, capital fictício e as crises cíclicas na acomodação do capital dentro do capitalismo.


Por: Altair Lourenço*

João A. B. Torricilas*


O capital fictício que gera a tal inflação, chega em determinado momento vai passar por uma acomodação, chamado de crise cíclica. Nesses ciclos, o capital fictício é corrigido através da economia real. A correção através da economia real feita com a produção existente no momento é chamada pelos especialistas a serviço do mercado de crise do capital.


Nesse abalo para que possa ocorrer a correção ou a troca do capital fictício pela economia real, sendo que o capital excedente originado da mais valia fruto do trabalho e valor, a classe trabalhadora sofre enorme perda de direitos, achatamento de salário para que ocorra aumento da mais valia e capital excedente, principalmente com a diminuição dos serviços públicos, como educação e saúde. Desta forma o capital excedente oriundo da economia real corrige ou é trocado por esse capital fictício.


Ao ser feita esta tal correção chamada de crise, ocorre também a acumulação do capital nas mãos de poucos, através da concentração. Desta forma o conceito de povo vai desaparecendo para dar lugar ao conceito de massa ou multidão, já que para ser povo o trabalhador precisa estar inserido na produção complexa, com isso possa ser agente do processo produtivo e possa ser construído identidade a partir de política de estado, podemos dizer que a massa é acrítica, não podendo ser conscientizada.


O materialismo histórico foi uma das maiores contribuições cientificas do Karl Marx, ele coloca que a existência precede a consciência. Se essa massa não está inserida no sistema produtivo, ela não pertence à uma classe. Essa teoria enfrentou uma grande oposição na primeira internacional em 1864 pelo filósofo Bakunin. Sendo que ele, Bakunin acreditava que as lideranças conspiratórias tinham poder de conscientizar as massas e com isso seria possível colocá-la em movimento rumo ao processo revolucionário. Como a massa é acrítica, pensar desta maneira estaria mais para o messianismo e seria o oposto de qualquer prática política materialista histórica.


Na teoria Materialismo Histórico de Marx e Engels, apenas os trabalhadores ao longo do tempo, nos processos produtivos, através de mudanças nas relações de produção, ganhariam uma autonomia para perceber as contradições do sistema capitalista. Essa autonomia fará com que o trabalhador tenha identificação coletiva ou sentindo de classe com uma orientação política influenciada pelo sistema produtivo e seus modos de produção. Felizmente para o movimento dos trabalhadores a teoria de Marx e Engels em relação o materialismo histórico sai vencedora na Primeira Internacional. Mas com o tempo e o crescente aperfeiçoamento dos meios de comunicação, a classe dominante consegue fazer com que os trabalhadores adotem uma agenda contrariando o Materialismo Histórico.


Com o aprofundamento da agenda que contrária o materialismo histórico vai sendo adotada por todos os partidos da chamada esquerda, também pelos movimentos sociais, no lugar de lutar pela socialização dos meios de produção, passam a acreditar que o Capitalismo pode ser humanizado com democracia, reivindicações ambientais, demanda de minorias e outras pautas colocadas pela classe dominante e defendida por esses partidos como se fosse de esquerda e a favor dos trabalhadores.


Os movimentos sociais e esses partidos da chamada esquerda deixam de adotar políticas para o trabalho e geração de valor, passam a reivindicar a criação de pequenas propriedades privadas, transformando a sua base em pequenos empreendedores ou pequenos Burgueses. Colaborando assim com a política das classes dominantes. Então a proposta que a esquerda deveria defender seria resgatar o debate vencedor da Primeira Internacional em que valorizava o Materialismo Histórico.


Baseado no materialismo histórico é um grande erro, quando alguns militantes da chamada esquerda, principalmente a esquerda liberal dizer que as massas precisam ser conscientizadas. Essa massa é acrítica, não possui nenhuma possibilidade da conscientização para o trabalho e valor, já que ela não está inserida no sistema produtivo e desta forma não é pertencente a classe trabalhadora ligada a produção.


No processo de acomodação do capital através da chamada crise, aparece a narrativa do fortalecimento e resgate da democracia para garantir o funcionamento destas crises cíclicas. A narrativa e a da argumentação para garantir essa democracia burguesa é o medo colocado no seio das multidões ou massa contra os chamados ditadores. E que o surgimento desses ditadores destrói a democracia.


É bom deixar claro que governos chamados ditadores que governam com apoio do parlamento precisa de base de sustentação política. Sendo que muitas vezes e quase sempre os governos ditadores e democráticos que implementa a mesma política liberal conta com a mesma base de sustentação, trocando somente a figura do gerente chamado de presidente. Esse medo da perda da democracia e colocado através da narrativa e argumentação, que não podemos perder a democracia ou precisamos resgatar ela novamente.


Outro elemento que aparece e se fortalece no seio das massas e ganha força são as religiões, principalmente as igrejas evangélicas, que vão ganhando espaço na base de sustentação política nos governos chamados ditadores quantos nos governos chamados democráticos, elegendo a cada pleito o maior número de parlamentares. Essas igrejas evangélicas funcionam como verdadeiro elemento de controle e propaganda a serviço do capitalismo. Usam o discurso do sucesso econômico aqui na terra e depois de mortos a salvação. Todo esse processo trabalhado só fortalece a sociedade do espetáculo.


E nesse processo cíclico em que ocorre a acumulação do capital, os recursos naturais dos países detentores são controlados pelos países com maior poder econômico dentro do imperialismo são fundamentais para o processo de acumulação, com isso ocorre a chamada recolonização, ou reprimarizado. Assim, os países controladores dos recursos naturais passam a ter o maior controle do sistema produtivo complexo para gerar trabalho e valor. Esses países chamados “Desenvolvidos” dentro do capitalismo ganham força e poder econômico na geopolítica mundial, produzindo mais capital fictícios para ser jogado na periferia do capitalismo, com isso continua o processo de lapidação dos recursos naturais, principalmente o sistema energético e minerais através do endividamento e resgate de títulos podres oriundos deste capital fictício, que irá aumentar ainda mais a dívida destes países primarizados.


É assim que funciona a acumulação do capital dentro do capitalismo. Sendo assim o conceito de crise cíclica é fundamental para manter todo o sistema funcionando.

Altair Lourenço: Professor da rede Pública Estadual e do Psol

Colaborador

João Antônio Benites Torricilas - Físico






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