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A imposição de tecnologias é um desrespeito aos professores e estudantes e não vai melhorar a educação pública!


Prof. Chico Gretter *

 

A questão não é a existência de milhares de professores/as que dedicaram e dedicam suas vidas para ensinar e formar as novas gerações. Eu mesmo dei aulas durante 35 anos em na escola pública e na particular, de manhã, tarde e noite; gastei muito de minha saúde física, psicológica, mental, emocional, enfrentando sucessivos governos autoritários na rede estadual desde os anos 80! Também enfrentei perseguição nas escolas particulares logo que me identificavam como militante sindical.

Comecei a dar aulas ainda na ditadura militar (1983 - governo Paulo Maluf, aquele que disse que "as professorinhas não ganham mal, apenas são mal casadas"!); mas o problema não é apenas individual, mas coletivo e diz respeito à nossa Categoria que vem sendo maltratada, desrespeitada e mal paga por esse sucessivos governos neoliberais e conservadores que não valorizam a escola pública! Se os governos Quércia, Fleury, Mário Covas/Rose Neubauer e Alckmin não foram bons, se o governo José Serra/Maria Helena foi um desastre, se o governo de João Dória/Rossieli foi ruim, Tarcísio de Freitas/Feder são péssimos.

Nenhum desses governos ouviu a voz dos educadores, ao contrário, perseguiram suas associações e foram implantando um regime de pressão e controle pior do que a ditadura militar fez nos anos 70 e 80! Por incrível que pareça, não porque os generais do regime militar fossem bonzinhos, mas porque eles não tinham mecanismos de controle que as tecnologias dão aos governos neoliberais nos dias de hoje!

Todavia, mesmo com tantos ataques à nossa carreira e à escola pública, fizemos movimentos e greves memoráveis e conseguimos grandes vitórias que não compete enumerar aqui. Só para citar um sintoma desse descalabro é vermos nossa Categoria dividida em subcategorias cada vez mais desunidas e desanimadas, descrentes, individualistas, a ponto de, nas eleições passadas, votarem em nossos inimigos de classe. Quantos não votaram no forasteiro Tarcísio -  Carioca - de Freitas que nem mesmo morava em nosso Estado!

De qualquer forma, a Assembleia de sexta-feira, 26/04/24, veio como um alento e aponta para um renascimento de nossa capacidade de lutar de forma organizada! Lamento os que ainda acreditam nas mentiras pedagógicas e políticas do atual governo, neoliberal e conservador, autoritário e cínico, pois tem como Secretário um empresário do mundo digital (a empresa MULTI...) que vende e impõe suas plataformas de forma descarada.  

Não precisamos de plataformas e ChatGPT para nos ensinar a dar aulas, precisamos de valorização e respeito e reconhecimento real de nosso valor. As tecnologias são importantes e bem vindas, mas jamais substituirão o professor e a relação com seus alunos, pois a educação não é uma mera transmissão de conteúdos ou de "competências e habilidades". A educação é muito mais do que Matemática e Português, é muito mais do que ler e contar; a educação é a formação das novas gerações para o exercício da cidadania, para a construção da autonomia pessoal e social (socialização), é a aquisição do saber/ciência de forma crítica e criativa, não é a mera preparação para o mercado de trabalho!

Educação não é mercadoria e professores/as não são robôs do ChatGPT e muito menos de secretários e governadores que passarão como passam as chuvas de verão, muitas vezes provocando destruição, inundações e mortes! Essa é a questão e nenhuma plataforma, máquina ou Chat vai nos substituir.

Exigimos respeito e não vamos aceitar essa escravidão pedagógica insuportável, inaceitável, criminosa! Digamos NÃO á plataformização do processo de ensino/aprendizagem! #ForaFeder!

 

 

São Paulo, 03/05/2024.

 

*Prof. Chico Gretter - mestre em Filosofia e História da Educação pela FEUSP, presidente da APROFFESP. Lutar é preciso!

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