Racismo é uma ideologia, argumento de uma classe que explora e oprime a maioria. Forma de justificar sua dominação. Coisa que vem se dando desde as fases de escravidão. Chegou-se até mesmo a buscar fundamentação científica para isso.
As classes dominantes de todas as épocas sempre trataram os explorados como seres inferiores. Nenhum explorado escapou ou escapa a este fato: o escravo da velha Grécia e da Roma antiga; o servo na sociedade feudal; operário, na sociedade capitalista.
Para justificar a desigualdade um vale-tudo ideológico sem limites: a mulher, o negro, o trabalhador , os indígenas, todos vistos pela burguesia e seus ideólogos orgânicos como inferiores, por designação da natureza ou de Deus. Valores imprescindíveis para que a classe dominante continue no poder, mantendo seu sistema sócio econômico.
Sem que a maioria da sociedade, os próprios explorados, aceitasse seus valores ideológicos, a burguesia não teria nenhum condição de dominar. Quando no meio da classe trabalhador não houver mais espaço para a ideologia racista, a misoginia, o machismo e outras manifestações ideológicas dos poucos que se apoderam do produto do trabalho da maioria, o capitalismo irá de água abaixo.
Toda ideia de defesa da desigualdade, da exploração do homem pelo homem, é uma visão burguesa do mundo. O racismo é uma delas.
Assim, enquanto houver capitalismo, todo seu correspondente cultural-ideológico vai-se mantendo. Todas as manifestações ideológicas que lhe são inerentes, entre elas, o racismo.
Por isso, verdadeiramente, ser antirracista é lutar contra um sistema que não pode abrir mão do preconceito racial, porque este é uma das suas ideologias, uma de suas visões de classe.
A luta contra o racismo, ao meu ver, é uma das batalhas da classe trabalhadora, no seus estágio de maior consciência de classe, contra os seus exploradores, por ver nele um dos argumentos de dominação dos donos do capital, de quem a explora.
O movimento antirracista sem este caráter de classe, o máximo que pode conseguir é o reconhecimento de boa parte dos negros como cidadãos e algumas oportunidades de classe média em certas profissões. Um avanço, mas que não tira a maioria dos negros da situação em que se encontra, por fazer parte de uma classe oprimida e explorada por um punhado de capitalistas.
Não se trata, desta maneira, de lutas de raças, de brancos querendo dominar negros, mas, de verdade, de capitalistas contra trabalhadores e trabalhadoras, usando sua ideologia racista para isso. É o capitalista tentando convencer o trabalhador não negro de que seu companheiro negro, companheiro de classe , é um ser inferior; e com esta farsa ideológica dividir a classe trabalhadora .
Na realidade, sem o seu devido sentido de classe, até uma Rede Globo da vida e outros grupos ideológicos do poder dominante podem disfarçar-se de antirracistas. Pela acomodação entre os pisados e os pisadores, entre as vítimas da exploração e seus exploradores.
A luta contra o racismo não deve estar desligada da luta pelo socialismo.
As lutas específicas de setores da classe trabalhadora não negam a condição de classe de todos os que vivem do seu trabalho.
Todo ser humano, negro ou branco..., pertence a uma classe. Um dado objetivo.
Alberto Souza - Ex-vereador/SBC, militante do movimento sindical e dos Direitos Humanos.
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