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Pátria Armada Brasil!!


Por: Joaquim Netto.



Já é tarde da noite e o sono não vem. Comecei, então, divagar, divagar... Pergunto a mim mesmo e exijo respostas convincentes. Este nosso Brasil, ontem, hoje, único país do mundo que tem nome de um vegetal. Não dá pra pensar na história política deste país sem considerar o papel de duas instituições: Igreja Católica Apostólica Romana e Exército Brasileiro, dentre outras.

Pensando no Exército volto lá na Segunda metade do século XIX. Sai fortalecido ao final da Guerra do Paraguai em 1870. Pressionam por melhores condições de trabalho, soldos. O descontentamento do Exército deságua na Questão Militar que somando a outros fatores levaram ao fim do Império, à proclamação da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Veio a primeira Constituição da República em 1891. Aqui inicia a República Velha ou Primeira República. Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto - (militares do Exercito) primeiro presidente e primeiro vice-presidente da República dos Estados Unidos do Brasil.

Na sequência, crise (a primeira), Deodoro renuncia, assume Floriano, o marechal de Ferro.

Com Prudente de Morais, inicia-se uma sequência de presidentes civis, paulistas e mineiros se revezando, a política dos governadores, exceção de Hermes da Fonseca (militar, sobrinho de Deodoro), Nilo Peçanha e Epitácio Pessoa.

Movimento tenentista - década de 20, século XX, contrários às práticas políticas/eleitorais vigentes. Daqui saiu o Capitão Luiz Carlos Prestes com sua coluna.

Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, engenheiro militar e sertanista, não fora tenentista, mas também é desta época.

Revolução de 1930 - Aliança Liberal liderada pelo gaúcho de São Borja, Getúlio Dorneles Vargas. Este esteve no Exército, chegando ao posto de segundo sargento. Depois saiu, estudou Direito em Porto Alegre e ingressou na vida pública. Era filho de um militar do Exército. Tinha um irmão, do Exército, o general Benjamim Vargas. Quem manteve Getúlio Vargas no poder, no início, foi o apoio de uma ala importante do Exército brasileiro capitaneado por seu irmão, Benjamim, Cordeiro de Farias e outros.

Governo provisório - 1930 - 1932. Governo legal - 1932 - 1937. Estado Novo - 1937 - 1945.

Getúlio volta depois do governo de outro militar: Eurico Gaspar Dutra.

Getúlio suicida em agosto de 1954. Momento histórico truculento, envolvendo o vice : João Café Filho, o presidente da Câmara. Período de transição. Eleição de JK presidente pelo PSD e João Goulart, vice, pelo PTB. Aqui entra outro militar em campo político, o Marechal Henrique Teixeira Lott (marechal Lott). Este liderou o contra-golpe em 11 de novembro de 1955. Neste ano, sob o comando do marechal Lott, o Exército assegurou a posse dos eleitos no sufrágio de outubro de 1955.

O Lott era um militar, pelo registro histórico, não golpista. Pautava-se pela legalidade. Foi o candidato de JK à própria sucessão. Candidato a presidente pelo PSD e como candidato a vice, João Goulart pelo PTB. Defendia Lott, em sua campanha presidencial, a extensão da legislação trabalhista aos trabalhadores rurais, dentre outras bandeiras avançadas para época. Jânio da Silva Quadros foi eleito, neste pleito para presidente e o vice eleito foi João Goulart. Pela constituição vigente à época (constituição de 1946) os eleitos votavam também para o candidato a vice.

Jânio renuncia em 25 de agosto de 1961. Militares do Exército pressionam contra a posse de João Goulart. Tem um período de parlamentarismo a brasileiro, Goulart assume e finalmente chegamos ao golpe militar de 1964.

Retomando só um pouquinho. Após a segunda guerra, uma nova ordem se estabeleceu. A URSS, apesar de aliada dos USA contra os países do eixo : Itália, Alemanha e Japão, transformou-se em inimiga geopolítica. O Brasil, país aqui no cone Sul, importante parceiro geopolítico dos norte-americanos. Logo após a guerra se criou a ESG - Escola Superior de Guerra - com sede no bairro da Urca no Rio de Janeiro, similar a Escola de Guerra dos Estados Unidos. Aqui se estuda, sobretudo, sociologia, filosofia, economia... A AMAN - Academia Militar das Agulhas Negras - outra escola de formação do Exército onde se passa não só ensinamentos bélicos, marciais como se formam ideologicamente. Por essas escolas passaram muitos dos generais que já ouvimos falar. Foram presidentes na ditadura militar, os generais: Humberto de Alencar Castelo Branco, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo.

Neste período um general chama atenção, o general Golbery de Couto e Silva, chefe da Casa Civil de Geisel. Foi ele um dos principais teóricos da doutrina de segurança nacional, elaborada ainda nos anos 50 com orientação do Pentágono (EUA). A revolução cubana liderada por Fidel, a crise dos mísseis, baía dos porcos deixaram o governo ianque em choque. Agiram, pois imaginavam que haveria uma cubanização da América Latina. A CIA, por conseguinte,apoiaram todos as ditaduras militares na América Latina nesta época.

Ufa! A sociedade civil, os trabalhadores, estudantes, ...foram para a rua. Anistia...A campanha das diretas... Veio a nova República: Tancredo/Sarney e finalmente primeira eleição direta em 1989. Disputaram o segundo turno : Lula (PT) e Collor (PRN). Veio Itamar, FHC, Lula... E onde estava a elite do Exército Brasileiro neste período? Retornaram à ESG. Estavam estudando, astutos, aguardando o momento oportuno para retomarem o Poder político nacional que, a meu juízo, mantêm desde 1889. O Exército brasileiro exerceu, com raras exceções, o Poder moderador, quando não estava no poder propriamente. E agora sem um inimigo externo manifesto (comunismo), novas tecnologias bélicas... o que estavam fazendo esses generais golpistas? Articulando para oficiosamente a retomada do poder político. Até "engoliam" FHC que é filho de militar (Leônidas Cardoso) e neto do general Joaquim Cardoso, mas nunca viram com "bons olhos" o metalúrgico e a ex guerrilheira no Palácio do Planalto. Os governos do PT foram ingênuos a este respeito.

O capitão foi o homem certo na hora certa para este setor golpista do Exército que não constitui uma unanimidade nas entranhas da Força, mas são muito significativos. É um erro tático subestima'-los. Em que pese as "fake news" e outras idiossincrasias, chegaram ao poder sem fuzis.

Claro que aqui foi só uma "pincelada" histórica, mas, indubitavelmente, hoje quem tem, de fato, o Poder político neste país é o Exército Brasileiro. É a Pátria Armadas Brasil!! Deveras!!



Joaquim Netto: Filósofo, Advogado e Médico.

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