Aldo dos Santos***
Com a luta e união do nosso povo construiremos Palmares de novo!
Como atividades do Mês da Consciência Negra, o movimento organizado pelo Fórum de combate ao Racismo de São Bernardo do Campo, visitaram o Quilombo do Carmo, em São Roque - SP, para hipotecar irrestrita solidariedade e apoio a luta histórica de resistência deste povo, assim como denunciar a opressão do capital e da especulação imobiliária contra nosso povo pobre escravizado ao longo da nossa história.
Fomos bem recebidos pelas lideranças da comunidade que orgulhosamente contavam suas histórias tendo sempre em mente a contribuição dos antepassados como valentes e resistentes lutadores contra a escravidão.
Foi uma grande aula para os professores/as, alunos/as sobre o injustificável sofrimento perpetrado pela escravidão no Brasil em grande parte do mundo.
Após apresentação e troca de experiências, fomos visitar a antiga Casa Grande e a Senzala, que há mais de 150 anos ainda denunciam a forma e vestígios de como os antigos fazendeiros escravagistas muitas vezes ávidos por lucro e em nome da fé cometiam todo tipo de atrocidade com os escravizado.
“O Quilombo Carmo, em São Roque-SP, foi certificado como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
FCP – Fundação Cultural Palmares
Nome Atribuído: Quilombo Carmo
Localização: São Roque-SP
Processo FCP: Processo n° 01420.000270/1999-56
Certificado FCP: Portaria n° 23/2007, de 39116
Quilombos certificados (2020)
Resolução de Tombamento: Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: […] § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.
Fonte: Constituição Federal de 1988.”
http://www.ipatrimonio.org/sao-roque-quilombo-carmo/#!/map=38329&loc=-23.535420965841336,-47.129223404341424,17
Observa-se por parte dos governantes verdadeiro abandono e tentativa de apagamento da história do nosso povo que nos dias atuais ainda são vítimas do ódio da classe dominante, que mantem a exclusão, a segregação e a criminalização dos movimentos e lutadores sociais.
O estado de conservação da casa grande e da senzala é lastimável por parte das autoridades que deveriam preservar a história e a memória de uma das maiores tragédia da humanidade que foi a existência indefensável por parte do poder politico e religioso da época, verdadeira profanação da condição existencial do nosso povo.
Nada substitui a presença física no lugar dos fatos históricos, muitas vezes citados nos livros didáticos, que de forma distorcida tentam amenizar a dor e o sofrimento dos esmagados da terra.
A escravidão negra surge com as primeiras relações pré-capitalistas, onde os colonizadores transformam tudo em mercadoria e lucram fortemente vendendo seres humanos pelo mundo a fora.
Ou seja, estamos numa permanente guerra entre opressores e oprimidos ao ponto que ainda hoje um jovem negro da periferia é assassinado a cada 23 minutos.
Como disse o militante, Dr. Manoel Domingos, “O Brasil é um grande Quilombo”, e com a força organizada e revolucionaria do nosso povo, construiremos Palmares e Palmares de novo.
Aldo dos Santos – Militante do movimento negro, Professor de filosofia da revolução e membro do Psol.
Sem dúvida nenhuma, foi uma grande experiência. Muito melhor compreendida lendo este texto que contextualiza, este e todos os movimentos de resistência do nosso povo!