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“Novo ensino médio”: que pesquisa é essa?


Prof. Chico Gretter***



O MEC pergunta e, ou você concorda ou discorda da proposta??? É sim ou não! Ora, as coisas não são assim! Deveria haver outras opções como "concordo parcialmente", "discordo parcialmente", entre outras possibilidades. Há também algo muito preocupante: em nenhum momento dessa pesquisa se apresenta de forma explícita a concepção pedagógica que embasa a reforma educacional imposta pela Lei 13.415/2017. Em nenhum momento se discute a filosofia da educação que fundamenta essa lei da (contra) reforma feita em 2016/17 no governo golpista de Michel Temer/Mendonça Filho.

Não se pergunta "que jovens queremos formar e para qual sociedade queremos construir? Em suma, qual o sentido da educação? Quais os objetivos centrais da educação básica no Brasil? Formar para quê? Que "ensino integral" é esse? Aumentar carga horária não garante mais conhecimento e mais qualidade no ensino! Como está a formação dos professores? Como estão a carreira do magistério e as condições de trabalho nas escolas públicas? Que tipo de inter e transdiscilinaridade a (contra) reforma defende ao tratar as disciplinas por “áreas do conhecimento”?

Nenhuma dessas questões é tratada nem na Lei do tal “novo ensino médio”, aprovada em 2017, nem no texto da pesquisa atual do MEC.

Mais um questionamento metodológico: a pesquisa é individual e não leva em conta as entidades representativas do magistério, as universidades e suas faculdades de educação. Algumas ONGS e entidades empresariais e seus políticos são mais ouvidos do que os estudantes, as famílias e os professores.

A grande mídia neoliberal só dá espaço para o "todos pela educação", os “especialistas” que brotam como cogumelos em troncos apodrecidos, num jogo de cartas marcadas! Onde estão os intelectuais progressistas neste momento? Por que a maioria está calada?

Ora, queremos um novo ensino médio de verdade, não esse monstrengo que nos foi apresentado em forma de anjo de luz e como panaceia de salvação educacional, mas que não enfrenta as questões fundamentais da educação brasileira jogada no rio das piranhas do neoliberalismo tecnicista e no mercado de trabalho para repetidores e consumidores de tecnologias importadas e impostas pelas corporações do capitalismo internacional. Não é isso que queremos! Não é esta a educação defendida pelos grandes pedagogos, sociólogos e filósofos da educação progressista e pela maioria dos educadores e pais dos jovens da classe trabalhadora.



Prof. Chico Gretter - professor do ensino médio há 40 anos, mestre em Filosofia e História da Educação pela FEUSP (1997), Conselheiro Estadual da APEOESP e presidente da APROFFESP - www.aproffesp.blogspot.com - facebook.com/aproffespestadual

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