
Ana Paula Cauduro***
O Jardim da Memória.
"Hoje, peguei para cuidar do meu jardim. Me peguei reflexiva em vários momentos. Certeza que eu estava com a testa franzida. Sempre fui capaz de questionar tudo; a vida para mim é um grande "Será?". Afinal, como disse Sócrates, "Uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida". Não é segredo para ninguém o meu amor pelo papagaio Lancelott Cauduro - esse é o seu nome. Após sua partida, a forma que eu achei para me confortar foi esse lindo jardim com árvores frutíferas, rosas, primaveras e algumas especiarias. E uma placa gigante com os dizeres: Jardim encantado Lancelott Cauduro. Homenagem ao filho amado. “Sei que está no meu jardim entre as flores". E a confecção dessa placa me rendeu boas risadas. O homem que a confeccionou, no dia que fui buscá-la, falou: "Meus sentimentos, seu filho faleceu...". Falei: "Sim, essa placa eu vou colocar no meu jardim, é que eu enterrei ele no vaso onde está o pé de acerola". O homem foi arregalado os olhos, e eu comecei a rir e falei: "Moço, Lancelott era meu papagaio". Ele falou: "Haiii, que susto!" Rimos muito. Todo o meu jardim foi feito pelas minhas próprias mãos. Eu digo que foi a personificação e a materialização do amor. Eu brinco que hoje tenho um pé de "lancerolla"
Ana Paula Cauduro
Professora de Filosofia na rede estadual.
Especialista em Filosofia clínica.
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