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Rumo a uma Sociedade Inclusiva e Justa

Atualizado: 10 de out. de 2023



Professor Fagundes *


Da Reflexão à Transformação: Rumo a uma Sociedade Inclusiva e Justa.

A realidade dos negros no Brasil contrasta profundamente com as boas intenções de alguns. Mesmo aqueles que desejam promover mudanças, encontram-se em uma posição limitada para efetuar qualquer transformação. Apesar dos esforços, persiste a dificuldade em promover uma verdadeira integração entre a comunidade branca e negra.

Os brancos, muitas vezes, relegam os negros a uma condição de cidadãos de terceira classe, ou até mesmo os consideram inferiores.

Desde o momento em que os negros foram trazidos para este país, suas identidades foram brutalmente despojadas. Nomes, línguas, culturas, religiões e divindades foram arrancados de suas histórias. Os negros se viram forçados a adotar línguas estrangeiras como o inglês, francês e português, enquanto suas próprias expressões culturais africanas eram reprimidas.

É imperativo reconhecer que ao alterarmos completamente a essência de um ser humano e o comercializarmos, não por dias, semanas ou anos, mas por mais de três séculos, estamos negando o direito humano básico de aprender e desenvolver conhecimento próprio. É negada a oportunidade de ler um livro, de compreender o mundo ao seu redor e de ter acesso à educação. Somente após 380 anos, os brancos permitem que os negros adentrem suas igrejas, onde Cristo, seus santos e anjos já foram retratados como brancos. Assim, uma forma de supremacia branca é imposta à nação negra, perpetuando uma sensação de inferioridade.

É lamentável ver que algumas pessoas brancas temem a violência que atribuem aos "negros". O que torna essa mentalidade mais intrigante é que, na realidade, os negros são as verdadeiras vítimas. A comunidade negra não possui um histórico de violência contra os brancos; pelo contrário, foram os brancos que perpetraram atrocidades, ficando a pergunta: Quem tem que trocar de calçada?

Não foram os negros que perpetraram o Holocausto, não foram os negros que escravizaram e dizimaram os povos indígenas, e não foram os negros que invadiram e saquearam o continente africano, deixando um rastro de morte, escravidão e devastação. Foram os brancos que escravizaram e ceifaram a vida de mais de quatro milhões de negros. Famílias inteiras foram desfeitas, gerações foram aniquiladas, culturas foram apagadas, e povos e nações inteiras desapareceram.

Portanto, são os brancos que deveriam temer a responsabilidade que carregam e o fardo da culpa que carregam consigo. Eles temem que, se a comunidade negra adquirir poder e se organizar, possa retribuir a eles e suas famílias as mesmas atrocidades que foram cometidas contra os negros. Os brancos julgam os negros pela ótica branca, e não pela verdadeira essência e potencial que os negros possuem.

É crucial que o Estado brasileiro, as potências europeias, reconheçam o grande mal que foi infligido a esses seres humanos e assumam a responsabilidade por reparar essas feridas profundas. A jornada em direção a uma verdadeira igualdade e justiça começa com a aceitação do passado e o compromisso de construir um futuro mais inclusivo e equitativo para todos os cidadãos, independentemente de sua origem étnica.

É imperativo também que o Vaticano reconheça e se retrate pelo seu papel na aceitação e viabilização da escravidão, nunca tendo emitido um pedido de desculpas formal por suas ações. Uma passagem histórica, distorcida para justificar essa terrível prática, é baseada em interpretações equivocadas de textos bíblicos, como a alegação de que "como os negros não têm alma, podem ser escravizados". No entanto, é fundamental lembrar que tais interpretações são falaciosas e não refletem a verdadeira mensagem de amor, igualdade e dignidade humana que está no cerne das escrituras sagradas.

Ao olharmos para o futuro, nutrimos a esperança de testemunhar uma sociedade onde a justiça e a igualdade não sejam apenas ideais, mas realidades concretas. Imaginamos um mundo onde os negros, mulheres, gays e todas as ditas minorias sejam verdadeiramente representados nos mais altos escalões do legislativo e do judiciário, contribuindo com suas perspectivas únicas para a construção de políticas e leis que promovam a inclusão e o respeito à diversidade. Cada passo em direção a essa visão é um passo em direção a um futuro mais luminoso e compassivo, onde a força da unidade supera qualquer divisão, e onde a justiça é um direito inalienável de todos os cidadãos.

Com determinação e perseverança, podemos trilhar esse caminho, transformando promessas em conquistas tangíveis e consolidando uma sociedade que verdadeiramente celebra a riqueza de suas diferenças.


Professor Fagundes

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