Audiência com o Ministro Guilherme Boulos em Brasília

Um dia que não será esquecido!

A deputada federal pelo PSOL, Luciene Cavalcante, agendou uma audiência com o ministro Guilherme Boulos, chefe da Secretaria - Geral da Presidência da República no governo Lula, para tratar da condenação do professor Aldo dos Santos e de Camila Alves — um processo que já se arrasta há 22 anos, desde a ocupação de um terreno da Volkswagen do Brasil, em julho de 2003.

Essa ocupação ficou conhecida como Acampamento Santo Dias, em homenagem ao metalúrgico assassinado durante a ditadura no Brasil, em São Paulo.

A agenda contou também com a participação do deputado estadual do PSOL-SP Carlos Giannazi, que conhece profundamente os fatos e é ativo na solidariedade de classe.

Após uma verdadeira maratona de atividades nos plenários do Senado e da Câmara Federal, seguimos para o gabinete ministerial, onde fomos recebidos pelo ministro Boulos.

De forma atenciosa e receptiva, ele nos ouviu com atenção e, como profundo conhecedor do caso — afinal, foi coordenador-geral do MTST por muitos anos — reafirmou seu compromisso em buscar uma saída institucional para pôr fim a essa espécie de “condenação perpétua” à qual Aldo e Camila vêm sendo submetidos. Guilherme Boulos foi recentemente nomeado ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, pasta responsável pela interlocução com movimentos sociais e sociedade civil no governo Lula.

O que aconteceu com Aldo dos Santos e Camila Alves

Na época da ocupação, o então vereador Aldo dos Santos apoiou a mobilização e exerceu um ato de solidariedade junto às famílias acampadas — muitas delas com crianças, mulheres e idosos doentes — que precisavam de atendimento médico e não conseguiam ambulância.

Com seu mandato, Aldo autorizou, sem hesitar, o uso do carro oficial para transportar essas pessoas ao pronto-socorro.Por esse gesto humanitário, foi processado e condenado por improbidade administrativa, com as seguintes consequências:

• Suspensão dos direitos políticos por cinco anos;

• Multa que hoje está em torno de R$ 2 milhões;

• Proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios;

• Cadastro como condenado no Conselho Nacional de Justiça;

• Confisco de parte do salário e de poupança;

• Hipoteca da casa e apreensão do carro oficial.
  

Camila Alves Cândido, liderança do MTST na ocupação, foi condenada por danos à ordem social e urbanística, com multa direcionada ao fundo de reparações de interesses difusos.

 No inicio do processo judicial promovido por meio de uma Ação Civil Publica  promovida pelo MP de Sbcampo em face de Aldo Santos e Camila Alves, processo iniciado em 2003, ambos tiveram condenações na esfera cível, com imposição de pagamento de multas astronômicas, para Aldo Santos a condenação atualmente ultrapassa um milhão e meio de reais, para Camila Alves condenação atualmente entorno de                  R$ 100 mil reais, ambos tiveram suas contas e salários penhorados, sendo que os salários são a única fonte de sobrevivência desses lutadores.

Expectativa de solução institucional

Saímos da audiência esperançosos de que o ministro possa apresentar caminhos efetivos para a solução do caso, incluindo instrumentos como indulto coletivo ou graça presidencial, junto ao governo do presidente Lula.

Registramos o momento com fotos e consideramos essa agenda mais uma ação concreta na busca por justiça e reparação para aqueles que vêm sendo penalizados injustamente por mais de duas décadas.

Durante essa mesma tarde em Brasília, fomos sensibilizados com as notícias sobre a agressão sofrida pelo deputado federal Glauber Braga na Câmara. É sintomático que, no mesmo dia em que discutimos a perpetuação de uma penalização histórica, testemunhemos episódios de violência política contra representantes eleitos.

A volta para São Paulo

O retorno a São Paulo foi um verdadeiro martírio. Saímos tarde da noite do aeroporto de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek. Perto de pousar em Guarulhos, o comandante informou que o aeroporto estava fechado para pouso, gerando grande tensão entre os passageiros.

A única alternativa foi manter o avião circulando por mais de uma hora no entorno, até que fomos encaminhados para o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, para reabastecimento. Após algum tempo, o voo da LatAM voltou para Guarulhos, onde chegamos por volta das 3h da manhã.

Cheguei em casa às 4h, exausto — nunca havia passado por situação semelhante.

Mas seguimos em luta!

ESPERANÇAR É PRECISO!

09/12/2025

Aldo dos Santos-Ex-vereador em São Bernardo do Campo, Vice presidente da da APROFFIB, Diretor Estadual da APEOESP, Professor de Filosofia, Psicanalista e Escritor