ALUNOS, PROFESSORES E COMUNIDADE DENUNCIAM IRREGULARIDADES, O DIRETOR RECUO E A LUTA VAI CONTINUAR!
Em um verdadeiro cabo de guerra, e diante da intensa luta contra a implantação do PEI na escola Estadual Mizuho “Abundância” em São Bernardo do Campo, a comunidade organizada articulou a luta em várias frentes, culminando com o ato em frente à escola e com o recuo do diretor, suspendendo a reunião do conselho para deliberar sobre o tema. A próxima cartada não está clara, mas a luta da comunidade escolar, do movimento estudantil e da SUBSEDE da APEOESP de SBC continuará ombro a ombro com todos os segmentos. Além desta unidade escolar o Conselho de Escola vem derrotando várias iniciativas de implantação deste projeto excludente, tanto na Região como no Estado de São Paulo. Mesmo suspendendo a reunião, o movimento vai continuar exigindo a apuração dos fatos constantes na relatoria abaixo, continuará mobilizada para o enfrentamento pedagógico, tendo a verdade como fato mobilizador e a democracia e a transparência como elemento determinante no processo educacional.
RELATO DAS IRREGULARIDADES OCORRIDAS NA EE MIZUHO “ABUNDÂNCIA”
Desde o início do ano letivo há um grupo de docentes da escola Mizuho, lutando contra as irregularidades praticadas pelo Diretor Francisco Alexandre da Silva.
A primeira irregularidade se refere à formação do Conselho de Escola, visto que a sua composição ocorreu com a participação de dois casais, no segmento de pais e responsáveis, sendo estes membros de uma instituição religiosa denominada Missão Belém, a qual utiliza a escola nos finais de semana para eventos religiosos, pior de tudo é que estas pessoas não têm filhos matriculados nesta escola.
Como o Diretor achava que tal fato passaria sem o conhecimento dos docentes, convocou o Conselho Escolar para a votação da adesão ao programa de ensino integral - PEI. Tal convocação só foi anulada, graças à atuação do grupo de docentes em conjunto com a APEOESP que redigiu um documento solicitando explicações sobre essa irregularidade.
A segunda irregularidade ocorreu na formação do Novo Conselho de Escola, o referido diretor convocou assembleias fracionadas com cada segmento desrespeitando o próprio documento orientador da SEDUC que estabelece a realização de uma Assembleia Geral com todos os segmentos da unidade escolar para eleger a Comissão Eleitoral com 1 (um) representante de cada segmento e a forma da eleição.
- O segmento pais e responsáveis realizado no dia 28 de maio às 14h
Houve pedidos por parte de pais, que trabalham alguns na informalidade, que o horário fosse adequado a todos (período noturno). No dia da votação o diretor pediu aos pais que levantassem a mão, caso quisessem se candidatar, e ele próprio escolheu quem poderia ser conselheiro e quem seria suplente (sem nenhum critério), interferindo com parcialidade na escolha do referido segmento.
Um aluno maior de idade e com uma carta redigida por sua mãe se candidatando à vaga de conselheira, não foi aceita pelo diretor. O diretor só aceitou colocar a mãe do referido aluno como suplente, novamente interferindo na escolha dos representantes do referido segmento.
- O segmento professores realizado no dia 01 de junho às 14h no formato híbrido
Professores que trabalham no período da manhã ou em outra escola tiveram a participação prejudicada. Na hora marcada o diretor enviou um link para a reunião remota e em seguida mandou por meio do grupo de whatsapp a relação dos professores inscritos (e para quem estava de forma remota deveria votar pelo Google Form).
No início da reunião remota já avisou que cada professor só poderia votar em um candidato. Questionado por uma professora quanto a esse número de candidatos, ele reafirmou: “apenas em um candidato, pois fiz a leitura da legislação e não há nada que não indique isso”
Na hora marcada o diretor colocou uma cadeira no pátio com uma caixa de papelão em cima, representando uma urna. Foram entregues aos professores presentes na escola as cédulas de votação. O diretor fez um pronunciamento atacando os professores contrários à implantação do PEI, e neste momento uma professora desfavorável ao projeto estava conversando com uma colega, distante da urna, quando de repente uma professora favorável ao projeto, aproximou-se e sem máscara cuspiu na professora. Tal fato ocorreu na presença de alunos, professores, vice-diretora e diretor, o qual nada fez.
No local não havia sequer uma carteira para se apoiar a cédula e nem espaço de confidencialidade. O diretor e vice-diretora ficaram postados ao lado da urna, e só foi providenciada uma lista para assinatura dos presentes, após insistentes pedidos de uma professora. A lista chegou, após a votação e os professores que já haviam votado voltaram para assiná-la.
Até mesmo a vice-diretora votou e após reclamações dos professores, o diretor abriu a urna e retirou um suposto voto atribuído a ela.
Durante a contagem dos votos o número de assinaturas não bateu com o número de cédulas, provocando distorção no resultado e na composição do colegiado.
- O segmento alunos realizado no dia 01 de junho
Foi publicado um Edital no dia 24 de maio, segundo feira, convocando uma Assembleia dos alunos para deliberar sobre eleição e composição dos conselheiros deste segmento ao Conselho de Escola, no dia 26 de maio – quarta feira às 14 horas. No horário marcado o Diretor mudou a pauta, apenas solicitou aos Presentes quem gostaria de se candidatar que desse o nome numa mesa por constituída. No final anunciou que a eleição dos alunos seria na segunda feira dia 31 de maio das 9 às 15 horas. No dia marcado não houve a eleição anunciada, o que só ocorreu na terça feira dia 01 de junho.
A irregularidade ocorreu, no sistemático descumprimento do prazo publicado no edital e mesmo no prazo anunciado de forma verbal. Um processo sistemático de interferências. No dia 31 de maio segunda feira o Diretor interveio no processo de eleição dos alunos, informando de forma verbal para membros do Grêmio e para alguns candidatos de que cada aluno poderia votar em até 5 candidatos número máximo dos conselheiros do referido segmento, com isso, os candidatos passaram a fazer campanha com este cenário. No dia 01 de junho, terça feira, dia em que a eleição ocorreu de fato, ele mudou a regra e disse que cada aluno só poderia votar em 1 candidato.
Foi realizada uma reunião para discutir a composição do grêmio, sendo que já havia uma eleição realizada na data correta, porém a posse não tinha ocorrido (visto que o grêmio é contrário ao Projeto PEI). O assédio se deu quando o coordenador geral eleito acompanhado da coordenadora de relações sociais (CMSP e Conviva) pediu ao diretor que protocolasse a carta do grêmio contrária ao projeto.
O diretor além de não assinar a carta, trouxe um outro documento para que o aluno assinasse encaminhando-o ao conselho tutelar, sob a alegação de que sua mãe nunca aparece na escola. Importante registrar que este aluno tem frequência de quase 100% às aulas.
Como reação a tudo que vem ocorrendo, uma comissão de moradores juntamente com os alunos protocolou documento com a manifestação da comunidade contrária o PEI, enquete com esmagadora maioria contra o que vem ocorrendo. Também protocolou um abaixo assinado pedindo o afastamento do diretor da Escola.
A escola é da população e não da direção
São Bernardo do Campo, 04 de junho de 2021.
COMISSÃO ORGANIZADORA E DEFENSORA DOS ALUNOS E DA COMUNIDADE.
SUBSEDE DA APEOESP DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
OBS. Estranhamente no início do dia 09/06/2021 já estava estacionado em frente da unidade escolar uma viatura da polícia Militar e ao ser indagado às policiais sobre essa presença justamente no dia de uma manifestação pacifica e de uma reunião, fomos informados que se tratava de uma medida de segurança e proteção do patrimônio, diante da manifestação. É assim que tratam a educação com ódio e repressão. Continuar na luta é preciso.
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