Mara Albissú ***
A Obra Literária "Rumo À Estação Catanduva...", "uma história escrita com a vida" do seu autor Aldo Santos, não é somente a narração dos fatos que o acometeram, carregados de sofrimento.
Quando decidiu biografar as suas memórias, o fez com um novo olhar, agora crítico, baseado nas concepções políticas que escolheu adotar, adquiridas ao longo da peregrinação.
Abordando a sua Via-Sacra com outros olhos, iluminados agora pela bagagem do conhecimento, nos fornece um relato que extrapolou da esfera do pessoal para o social, na medida em que, descrevendo as minguadas condições de vida da sua família, também denuncia igual situação dos seus pares, aqueles à quem denominou "desagendados" da Terra, conduzindo a visão do leitor do âmbito individual para o coletivo, ao inserir esta correlação em um contexto mais amplo, levando-nos a compreender que a precariedade da existência dos retirantes nordestinos, dos trabalhadores em geral, tanto do campo quanto da cidade, assim como, a degradação da natureza, são consequências da exploração imposta pelo modelo capitalista.
Ao lançar, portanto, um olhar inaugural sobre o seu roteiro de vida, conferiu um sentido histórico ao seu viver, uma vez que, adotou a perspectiva político-ideológica para compreender a linha do tempo das suas lembranças, convertendo a releitura em uma conclamação para a mudança daquilo que é preciso mudar, com o objetivo de edificar uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.
Ansiando a "cura pela fala" escrevendo a respeito do seu passado repleto de fantasmas, como ele diz, se autoatualiza ao jogar luz sobre as trevas, quando passa a descrever a sua jornada responsabilizando o sistema como o causador de toda a "sorte de violência e ostracismo existencial" que afetou não somente ele, mas muitos de onde ele nasceu, por onde passou e viveu, aqui, ali, acolá, ontem, hoje, agora e sempre, em todo tempo e lugar, mundo afora.
A Biografia nos diz como o Aldo foi ultrapassando os limites, rompendo as fronteiras, as normas, as concepções limitantes, os padrões, as regras sociais, continuamente dando um passo à frente, conforme disse desejar, ao revisitar o que sofreu, para a sua própria libertação.
A narrativa dos fatos acontecidos testemunha que, no passo a passo, ele buscou entender para superar, a sua Via Dolorosa, contando também como a caminhada foi talhando o homem dedicado a um sonho que ainda não se realizou, porém nele crendo irreversivelmente.
Esta fé inabalável o conduziu a dar não só um, mas vários passos à frente, culminando em um passo maior do que perna, fazendo-o saltar para além e à adiante do seu tempo, tornando a sua travessia um processo a partir do qual fez a passagem do Aldo Santos pessoa para o ser político, do individual para o coletivo, do indivíduo para a individuação, capacitando-o a ser uma liderança à serviço do povo que optou representar, assim como aquele que nos inspira a trilhar a mesma senda e vivenciar a alquímica mudança, para fazer avançar a Humanidade em direção ao mundo melhor que tanto sonhamos, não sem antes, transformar-se para transformar.
Mara Albissú - Formada em Ciências Sociais e História, pela Fundação Santo André; Geografia Arte-Educação, pela Universidade Metodista de São Paulo. Foi professora de Sociologia, História e Geografia, na Rede Estadual de Ensino e Rede Municipal de Diadema-Suplência II. Recentemente esteve à frente dos Programas: Kulturarte e “Conheça A Si Mesmo” - Astrologia, transmitidos pela MKK WEBRÁDIO&TV. Atualmente presta atendimento de consultoria/leitura/interpretação com base no Mapa Astral, numa abordagem psicodiagnóstica.
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