A ESCOLA VLADIMIR HERZOG CORRE O RISCO DE SER EXTINTA?

Denúncias recentes vindas da comunidade do entorno da E.E. Vladimir Herzog, localizada no centro de São Bernardo do Campo, revelaram que a tradicional e icônica escola corre o risco de ser extinta.

O fechamento de salas de aula vem sendo prática central do governador de Tarcísio de Fretas e do secretário Renato Feder, apenas do último ano pra cá, foram dezenas de salas de aula encerradas em todo o estado, inclusive com a extinção de períodos noturnos em diversas escolas, promovendo uma enorme crise em toda a rede, com superlotação de salas e elevado desemprego na categoria.

Sem maiores explicações por parte da gestão ou da Diretoria de Ensino, professores, alunos e comunidade escolar foram informados que entre 17 e 28 de fevereiro, as aulas aconteceriam de forma remota pelo Centro de Mídias, com os professores trabalhando em regime de home office. Após o dia 6 de março, as turmas foram dividias e transferidas para duas unidades escolar, com o Ensino Fundamental passando a funcionar na E.E. Lauro Gomes, e o Ensino Médio na E.E. Amadeu Olivério, ambas na região do Rudge Ramos.

Ainda segundo as denúncias, após esse episódio consta que as condições de trabalho dos professores do Vladimir Herzog se tornaram deploráveis, faltam equipamentos e materiais da escola acessíveis a todos, como livros e notebooks, não possuem armários, e em uma das escolas, o espaço que lhes foi reservado é tão pequeno que precisam sentar-se no chão. Além do mais, os horários tem sido organizados de forma arbitrária, com entrada às 07h50 e saída às 16h50.

Não sendo o bastante, no dia 1 de abril os professores foram informados ainda que as salas de aula do Vladimir Herzog serão fechadas e os alunos transferidos para as duas escolas em questão. Conforme relatado, a Diretoria de Ensino de São Bernardo do Campo não deu maiores explicações sobre isso também, se limitando a responder que não há por parte da SEDUC quaisquer informações concretas.

A situação da E.E Vladimir Herzog se situa dentro de um contexto geral de ataques à escola pública no estado, mas guarda também um simbolismo que merece atenção, ano passado e ainda neste ano, esteve entre as unidades selecionadas pela Diretoria de Ensino da região para aderir ao programa Escola Cívico-militar. Não demorou para que este ultraje ao nome e à memoria de Herzog, jornalista torturado e assassinado covardemente por agentes da ditadura empresarial-militar em 1975 ganhasse repercussão. Entidades como o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e o Instituto Vladimir Herzog logo se manifestaram publicamente contra a decisão, e se somaram na ocasião à Apeoesp de São Bernardo do Campo, que movia insistente campanha contra o projeto de militarização das escolas, tendo inclusive realizado um ato em frente ao Vladimir.

Não tendo alcançado êxito com o nefasto projeto de transformar esta escola em quartel, a extrema-direita busca apagar a história deste que é também um monumento da luta pela democracia no Brasil, demonstrando a convergência existente entre o projeto neoliberal de desmonte da educação pública, e as práticas de censura e terrorismo de Estado que marcaram os vinte e um anos do regime ditatorial inaugurado com o golpe de 64.

Cada vez mais claro está, que a defesa da escola pública é uma luta comum com a luta contra o fascismo, a defesa do legado dos que lutaram contra a ditadura é a luta pelo direito à uma educação pública, laica e de qualidade para professores e estudantes, e não à toa, os que a atacam são os mesmos que se somam aos golpistas que tentaram retroceder nossa história aos tempos sombrios.

Não assassinarão Vladimir Herzog novamente, nenhuma escola a mais fechada.

Enfrente!