36 ANOS CONSTRUINDO O QUILOMBO DA EDUCAÇÃO
- Aldo Santos

- 23 de nov.
- 7 min de leitura

UM DIA HISTÓRICO PARA O MOVIMENTO NEGRO.

A Câmara Municipal de São Bernardo do Campo realizou sua primeira sessão solene em homenagem ao Dia da Consciência Negra — um marco só possível graças à iniciativa política da Apeoesp/SBC e do Professor Aldo dos Santos, que, recém-empossado em 1º de janeiro de 1989, apresentou o primeiro projeto de feriado municipal do 20 de novembro, trazendo Zumbi dos Palmares para o centro da história, da filosofia e da política local.
Ao lado da Subsede da Apeoesp/SBC, do Movimento Negro e de diversos movimentos sociais, Aldo consolidou um compromisso público com a luta contra o racismo e com a valorização da história negra em São Bernardo e em toda a região.
A ESCRAVIDÃO NO ABCDMRR – UMA MEMÓRIA APAGADA
A região composta por Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra possui uma história profundamente marcada pela escravidão — embora essa realidade raramente seja mencionada.
A Fazenda dos Beneditinos – Santo André / São Bernardo
Os monges beneditinos foram proprietários de extensas terras onde pessoas negras escravizadas trabalhavam no cultivo, na criação de animais, na produção de alimentos e no transporte de mercadorias pelo Caminho do Mar.
São Caetano do Sul: cerâmica, olarias e trabalho escravo
O sociólogo José de Souza Martins demonstra que a economia colonial e imperial de São Caetano dependia diretamente do trabalho escravizado nas olarias e cerâmicas, essenciais para a formação urbana da região.
Esse estudo está registrado em sua obra “A escravidão em São Bernardo do Campo na Colônia e no Império: Escravidão em São Caetano do Sul 1598–1871”, na qual também relata formas de repressão às lutas negras por liberdade.
Martins observa ainda que, em 1838, o Marechal Daniel Pedro Muller registrava que apenas 43,8% da população de São Bernardo era branca, evidenciando a forte presença negra no território.
Caminho do Mar: circulação e exploração
A antiga estrada colonial servia ao comércio e ao deslocamento forçado de pessoas escravizadas, submetidas a trabalhos pesados e perigosos na subida e descida da serra.
Depois da Abolição: exclusão e resistência
Sem acesso à terra ou a direitos, a população negra foi empurrada às periferias. Mesmo assim, seguiu construindo a região com seu trabalho e sua cultura — formando bairros populares, irmandades, grupos culturais e movimentos sociais.
UMA LUTA COLETIVA QUE NÃO CESSA

A conquista do Dia da Consciência Negra em SBC é fruto da união de:
Professor Aldo dos Santos, com a iniciativa pioneira do feriado (1989);
Subsede da Apeoesp/SBC, impulsionando debates nas escolas e do movimento sindical;
Educadores(as) e militantes, que mantêm viva a memória e a resistência;
Movimento Negro Unificado e demais movimentos sociais, sustentando a luta política.
36 anos depois, a luta segue necessária: o racismo estrutural resiste, mas a nossa resistência também.
HOMENAGEM A QUEM MANTÉM A LUTA VIVA
Reconhecimentos da Apeoesp/SBC – 22/11/2025

Maria de Lourdes Delmondes – Educadora Multidisciplinar.
Há 24 anos transformando a educação nas redes de São Bernardo do Campo e São Paulo. Levo para a sala de aula uma fusão de saberes: Artes Visuais, Geografia e Neuropedagogia.
Minha metodologia é sensível e exitosa: usa a MPB como trilha sonora, projetos de responsabilidade social étnico-racial e a força da literatura negra, com Conceição Evaristo.
Criei um santuário de aprendizagem ao ar livre, com uma horta medicinal e um jardim que atrai a vida dos pássaros diurnos à coruja noturna.
No horizonte, duas metas: concluir o Mestrado em Inteligência Emocional e finalizar meu livro, "Cuidando Apenas Daquilo Que Te Cabe". A educação ainda me encanta porque é uma arte viva, e eu sou sua eterna aprendiz.

Neuza Santos (Professora Teca).
Neusa Santos, conhecida carinhosamente como Professora Teca, é símbolo de coragem, resistência e compromisso com a transformação social.
Engajada desde a juventude na defesa dos Direitos Humanos, teve papel ativo na luta pelo fim da Ditadura Militar, na redemocratização do Brasil e na mobilização popular que contribuiu para a elaboração da Constituição de 1988.
Sua trajetória também é marcada por forte atuação em movimentos contra o racismo, a homofobia, pela reforma agrária e por outras pautas essenciais para a promoção da justiça social.
Na educação, participou da construção da Lei 10.639, que valoriza a cultura afro-brasileira no currículo escolar. Além disso, transformou sua experiência de vida em ação concreta ao fundar a Casa da Teca, um espaço de acolhimento e proteção dedicado ao enfrentamento da violência e da vulnerabilidade social.
Ali, sua missão ganhou forma: cuidar, fortalecer e garantir dignidade a quem mais precisa.
Hoje, Teca soma sua voz e sua história à Marcha das Mulheres Negras, reafirmando seu compromisso com a construção de uma sociedade livre do racismo, do sexismo e de todas as formas de opressão.
Mais do que participante da história, Teca é protagonista — e sua marca permanece viva na luta por um mundo mais justo e humano.

Marcos André Soares da Silva – Professor Especialista (Educação Especial – SEDUC/SP).
PROFESSOR ESPECIALISTA EDUCAÇÃO ESPECIAL - SEDUC/SP BIOGRAFIA Natural de Espinosa, extremo-norte de Minas Gerais, migrou com dez anos para o Estado de São Paulo, especificamente para a região de Ribeirão Preto, com os seus pais no auge do corte de cana de açúcar. Estudou em escola pública e, desde jovem, fortaleceu sua consciência política nos movimentos sociais da Igreja Católica, especialmente nas CEBs — espaço que formou sua visão crítica contra as desigualdades e alimentou seu compromisso com a luta popular e a defesa dos direitos humanos.
Formado em Licenciatura em Filosofia pelo Instituto Santo Tomás de Aquino (ISTA)/PUC de Belo Horizonte), em Teologia (PUC de Belo Horizonte), em Pedagogia e História - Centro Universitário UNIFACVEST. Especialista em Ciências Políticas e gestão pública pela Faculdade Unina. Especialista em Doutrina Social pela Faculdade São João Paulo II (FAJOPA) de Marília e além de Especialista em Educação Especial/Inclusiva com ênfase em Transtorno do Espectro Autista e Educação Especial/Inclusiva com ênfase em Deficiência Múltipla e Intelectual pela Faculdade de Minas Gerais (FIBMG).
Em 2022 foi condecorado como Embaixador da Paz concedido pela Universal Peace Federation (UPF) e no mesmo ano o título honorífico de “Doutor Honoris causa” em Direitos Humanos pela Faculdade Febraica. Em 2023 recebeu o certificado honorífico de Destaque em Cidadania na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo e em 2024 o título honorífico de “Doutor Honoris causa” em Educação e Cultura pelas Faculdades FACETEN/FACTEFERJ.
EM 2024 foi premiado em nível de América Latina pelo Movimento Futuro com o projeto “Meu bairro e suas pessoas fantásticas: Empoderamento, arte, coragem e resistência”.
Atuou como membro consultivo da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SBC durante a gestão Dra. Débora Perillo. Idealizador e, por quatro anos, presidente da OSCIP Esperança em Ação, atuando na gestão estratégica, na captação de recursos e na execução de programas socioassistenciais voltados ao fortalecimento comunitário e à promoção de direitos na região do pós-balsa.
Em 2025 foi reconhecido entre os 10 educadores brasileiros de destaque na promoção dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), recebendo o prêmio “Educador(a) Destaque 2025”, entregue pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo - Dra. Regina Célia da Silveira Santana.
Atualmente leciona na E.E “Brazília Tondi de Lima”, localizada na Vila São José em São Bernardo do Campo, atendendo os alunos(as) elegíveis da Educação Especial como especialista e colaborativo.
Coordenou a produção coletiva do livro “Kizomba Literária: Ritmos, raízes e resistências” que foi escolhido entre os dez melhores pela Unidade Regional de Ensino de São Bernardo do Campo.

Maria de Lourdes Tadeu da Silva – Educadora e militante do Movimento Negro
Boa noite!
Uma professora e educadora, militante do movimento negro comprometida com a valorização da identidade, da cultura e da história afro-brasileira, africana e indígena. Além de atuar em sala de aula, participa de ações, debates e projetos que promovem igualdade racial, combate ao racismo e ampliam o acesso a oportunidades para a população negra. Sua militância se manifesta tanto na prática pedagógica incorporando autores, referências e temas que antes eram invisibilizados, como a História da África, Matrizes Africanas e Indígenas quanto em iniciativas comunitárias, políticas e acadêmicas que buscam transformação social. É uma figura que inspira seus alunos a reconhecerem suas raízes dentro da cultura e identidade preta e ou indígena à fortalecerem sua autoestima e lutarem por direitos e justiça social.
Maria de Lourdes Tadeu da Silva

36 ANOS DE LUTAS E CONQUISTAS
Participamos de inúmeras ações exitosas, tais como:
Descomemoração da farsa do 13 de Maio;
Organização anual das atividades da Consciência Negra;
Conquista dos feriados municipal e nacional do 20 de novembro;
Luta pela implementação das cotas nas universidades e no serviço público;
Ampliação da visibilidade da pauta antirracista nas escolas e nos movimentos sociais.
PROPOSTAS PARA AVANÇAR
1. Defender a vida do povo negro
Fortalecer políticas públicas de saúde, combater doenças produzidas pela desigualdade sociais e assegurar atendimento humanizado pelo SUS, sobre gênero e etnia.
Atendimento especial em relação a anemia falciforme, hipertensão e outras condições sanitárias que atingem a população negra.
2. Reparação já!
Reparação não é favor: é dívida histórica. As prefeituras devem:
reconhecer oficialmente a escravidão local;
identificar descendentes;
devolver terras trabalhadas por pessoas escravizadas;
indenizar vítimas;
promover reforma urbana e agrária como compensação histórica contemporânea.
3. Criar o Museu da História e da Luta do Povo Negro do ABC
Um espaço de memória para impedir que a casa-grande continue apagando nossas histórias, criando também oficinas de história oral para manter nossa história viva.
4. Fortalecer o Quilombo da Jurubatuba
Último quilombo vivo da região. Deve tornar-se centro educacional com acervo de filosofia, história africana e memória comunitária viva.
5. Formar um coletivo de intelectuais orgânicos
Atuação jurídica, pedagógica e política contra violações de direitos, racismo institucional e descumprimento da legislação antirracista.
6. Politizar o movimento negro na perspectiva classista
O racismo é estruturante do capitalismo. Não se combate apenas com discurso. É preciso enfrentar o projeto econômico que o produz.
Continuidade das cotas e implantação de cotas no poder legislativo, executivo e judiciário.
O capitalismo é a necropolítica organizada. Nós defendemos a vida plena organizada: um socialismo igualitário, antirracista, popular e revolucionário.
HERDEIROS DE PALMARES
Somos continuidade de Zumbi, Dandara, João Cândido, Carolina Maria de Jesus e de todas as lideranças que lutaram por justiça sem fim.
Nosso projeto é o mesmo deles: Lutar. Resistir. Vencer!

VENHA PRESTIGIAR E PARTICIPAR DESTE MOMENTO HISTÓRICO
Vamos fortalecer a memória, reafirmar a lutar e celebrar o Quilombo da Educação!
ManifestAção Negra – Apeoesp/SBC
ENFRENTE!



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