João Luz***
Eu diminui a velocidade e a intensidade de escrever sobre minhas impressões políticos e culturais do Brasil, após a chegada do Bolsonarismo a presidência da República.
Criei um certo bloqueio de escrever ,sobre esse Brasil,que esta tudo fora do lugar ,como dizia o Poeta Kazuza, deixei de escrever sobretudo nas redes sociais sobre arte, cultura, literatura e política.
Não foi necessariamente medo nem covardia, apenas um desencanto, um certo vazio e ausência de perspectivas, diante da ignorância Bolsonarista e apologia do esvaziamento da cultura e do conhecimento, como Política de Estado.
Porém, compareci ao último sábado dia 24 presente no comício do Lula na Zona leste de são Paulo, e por coincidência assistir no dia seguinte, o belíssimo documentário na Netflix sobre "A farra do circo" sobre a experiência do circo voador criado por artistas visionários como o grande Ol "Perfeito Fortuna" foi uma espécie de combustível de alegria esperança e força.
Como diz, o pensador indígena Ailton krenak, "A esperança deve se guardada numa caixa bem segura, para se manter intacta e não a perdermos jamais.
Ao Morar e viver num pais como o Brasil, não temos o direito de abdicar da esperança,da alegria e das lutas justas e necessárias.
Essa experiência até certo ponto onírica e de produção Coletiva que é e foi o circo voador, esse combustível de alegria e amor, a partir da intervenção artística, só poderia surgir numa cidade como o Rio de janeiro, primeiro no Arpoador e depois na Lapa.
Só no Rio de Janeiro essa fusão entre mar, cidade, cultura popular e herança ibérica,africana e nordestina pode ter essa fusão e transformar numa síntese única.
E depois esse Circo voador que é,voou por outras paisagens e paragens como recife, Maranhão, baixada fluminense, morro do alemão e depois foi ao México durante àquela mítica copa do mundo de 1986.
A parte mexicana da jornada do circo voador ê um capitulo a parte, tão significativa quanto as etapas anteriores.
A epopeia no México, a tal missão político cultural,como chamava o Perfeito e demais integrantes, sobre a presença do circo voador no México, foi uma verdadeira epopéia artística cultural, esportiva e Política e nada empresarial.
O desabafo do Perfeito Fortuna e dos administradores do circo, sobre impasse com patrocinadores como a empresa coca cola que encurtaram o período no México por falta de apoio financeiro,nos mostra desde sempre, a importância de politicas públicas de Estado para financiar a cultura e as Artes de maneira independente e livre.
Com shows e eventos com a presença de Craques daquela seleção canarinho, tão mágica quanto a de 1982... figuras como Casagrande, alemão e Sócrates que participaram ativamente dos shows e eventos do círculo voador em terras mexicanas, mostra o clima da época e a integração de um Brasil que respirava arte política cultura e futebol.
As longas e animadas noites com as bandas e artistas em início da carreira como barão vermelho, blitz, Regina Case ou já consagrados Caetano Veloso e Gilberto Gil ou o poeta Paulo Leminski deixa nítido que o circo voador é e será uma experiência única que inspirou muitas Políticas e agitações culturais em cidades grandes médias e pequenas Brasil afora!
Vida longa ao circo voador, como dizia seu fundador Perfeito Fortuna, podem puxar nosso tapete, que a gente não cai,porque nosso tapete voa...!
João Luz - Ativista dos direitos Humanos e assessor sindical da apeoesp.