top of page

Ó Palestina

ree

Heba Ayyad ***


Às soleiras da terra,


uma voz encharcada de dor...

uma mãe chama a ausência:


— Quem carregará as histórias da minha oliveira,

se o tronco se partir

e os rouxinóis queimarem na boca da aurora?


A morte —

é uma criança sozinha,

brincando com uma bola de vidro,

imaginando que é a lua

antes que ela se estilhace em suas mãos.


Ó Palestina,

como nascem os poemas entre as costelas da fumaça?

Como te tornas um lar

se todas as tuas fronteiras

são arames, feridas,

e ferros que gemem?


Mas nós —

carregamos as nuvens nos ombros,

salpicamos as cinzas com sementes de trigo:

o inverno é passageiro

e a chuva nunca esquece o caminho até os campos.


E haverá um dia

em que as adagas repetirão a pergunta das mães:

"É esse o meu filho?

Ou será

um raio da fênix... que voltou?"

Heba Ayyad

Jornalista internacional Escritora Palestina Brasileira Poetisa

1 comentário


Que lindo, camarada!

Curtir

@ 2020 ABC DA LUTA 

OS TEXTOS PUBLICADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES

bottom of page