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Rumo à estação Catanduva...


Nazito Pereira da Costa Júnior ***




“Rumo à estação Catanduva” é um livro curto e simultaneamente gigante de Aldo Santos. Ao lê a comovente história relatada ali, me deparei com algo familiar... saída do interior do nordeste para São Paulo. Eu não fiz esse trajeto, mas tios e um irmão sim. Porém, guardo na minha lembrança os conhecidos pau de arara. Aliás, bem sabemos que foram inúmeros nordestinos que migraram para São Paulo, no mesmo período de migração da família Santos. Histórias que se cruzam e apresentam características semelhantes e distintas.

A expectativa era a mesma: encontrar trabalho para o autossustento e ajudar os que ficaram. Não era uma situação tão inóspita porque estou me referindo ao litoral nordestino, onde há mais chuvas e as ofertas econômicas trazidas pelo mar era algo natural, mas nem sempre satisfatório. No entanto, não havia emprego para todos e aqueles que tinham algum trabalho, o salário era irrisório. O regime de escravidão não era diferente no litoral. Como ainda não é até hoje em vários setores da sociedade. As limitações de alimento batiam à nossa porta. Aquela expectativa causada pelos grandes centros urbanos nos anos 60, 70 e 80 também atingiu o coração dos meus tios e meu irmão.

Além do relato de uma trágica aventura realizada pelos pais e tios, Aldo fala da sua própria via sacra como moribundo. A experiência da fome, do “abandono”, desespero, falta de perspectiva, sentimento de impotência diante da vida, surrealismo. De fato, foi surreal. Ele que o diga.

Rumo à estação Catanduva é gigante pela enorme lição de superação e reflexão sobre a vida. Quantos campesinos, operários, pescadores, lavradores, biscateiros, garis e trabalhadores em geral não contraem infecções oriundas de trabalhos sem EPIs nem fiscalização.

Renascer das cinzas não é para qualquer um! Você foi uma fênix Aldo. Parabéns!




Nazito Pereira da Costa Júnior - Graduação e mestrado em Filosofia. Professor do ensino básico fundamental e médio em Campina Grande-PB. Atuou como membro e presidente do Sintab (Sindicato dos trabalhadores públicos municipais do Agreste da Borborema).

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