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"Quando as vozes morrem e o eco sobrevive"


Heba Ayyad***




A todos que partiram...

e deixaram os lugares a clamar,

as paredes a chorar com o eco do gemido.

Buscamos um calor que se foi, um sorriso sincero,

um toque que nos dava vida...

e desapareceu sem se despedir.


Diz-me, quem de nós não lamenta?

Sem se confessar,

sem revelar o que carrega por dentro,

como se a tristeza fosse vergonha...

Não, meu querido, não é vergonha.

É fogo.

Queima tudo em nós até virarmos cinzas.


Eis-me aqui, escrevendo...

para expressar o que há dentro de nós.

Talvez a caneta seja uma língua que fala,

e os olhos, ouvidos que escutam.


Vamos amar em silêncio,

sofrer em silêncio,

pois o grito não traz os ausentes de volta,

e as lágrimas não preenchem o vazio...

esse vazio que eles deixaram em nós.


A cada noite, o medo invade nossas almas.

Apagamos a saudade para não nos queimarmos,

e convencemos nossos corações

de que o esquecimento é misericórdia —

quando, na verdade, é o túmulo da saudade.


Como curar a ausência

de quem foi a própria vida para nós?

Como viver com meio coração,

meia alma,

conversas interrompidas,

corações partidos

e almas feridas,

memórias que doem mais do que confortam?


Todos nós sentimos falta das risadas com eles...

e ninguém mais ri para nós.

Sentimos falta de seus traços...

e ninguém mais se parece com eles.

Desejamos um olhar que diga: “Estou aqui”...

e ninguém responde.


Vocês que partiram...

não eram apenas pessoas.

Eram abrigo,

eram pátria,

eram a nossa vida...


Heba Ayyad

Jornalista internacional

Escritora Palestina Brasileira

Poetisa

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@ 2020 ABC DA LUTA 

OS TEXTOS PUBLICADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES

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