"Quando as vozes morrem e o eco sobrevive"
- Aldo Santos
- há 45 minutos
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Heba Ayyad***
A todos que partiram...
e deixaram os lugares a clamar,
as paredes a chorar com o eco do gemido.
Buscamos um calor que se foi, um sorriso sincero,
um toque que nos dava vida...
e desapareceu sem se despedir.
Diz-me, quem de nós não lamenta?
Sem se confessar,
sem revelar o que carrega por dentro,
como se a tristeza fosse vergonha...
Não, meu querido, não é vergonha.
É fogo.
Queima tudo em nós até virarmos cinzas.
Eis-me aqui, escrevendo...
para expressar o que há dentro de nós.
Talvez a caneta seja uma língua que fala,
e os olhos, ouvidos que escutam.
Vamos amar em silêncio,
sofrer em silêncio,
pois o grito não traz os ausentes de volta,
e as lágrimas não preenchem o vazio...
esse vazio que eles deixaram em nós.
A cada noite, o medo invade nossas almas.
Apagamos a saudade para não nos queimarmos,
e convencemos nossos corações
de que o esquecimento é misericórdia —
quando, na verdade, é o túmulo da saudade.
Como curar a ausência
de quem foi a própria vida para nós?
Como viver com meio coração,
meia alma,
conversas interrompidas,
corações partidos
e almas feridas,
memórias que doem mais do que confortam?
Todos nós sentimos falta das risadas com eles...
e ninguém mais ri para nós.
Sentimos falta de seus traços...
e ninguém mais se parece com eles.
Desejamos um olhar que diga: “Estou aqui”...
e ninguém responde.
Vocês que partiram...
não eram apenas pessoas.
Eram abrigo,
eram pátria,
eram a nossa vida...
Heba Ayyad
Jornalista internacional
Escritora Palestina Brasileira
Poetisa
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