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Precisamos enfrentar o debate do racismo estrutural.

Atualizado: 31 de jan. de 2021



Por: Aldo Santos .


Vem aumentando significativamente as publicações de livros, vídeos e áudios, denunciando o racismo estrutural e a necessidade de nos engajarmos ainda mais na luta antirracista de fato.


A leitura do “manual antirracista, publicado pela Companhia das letras, de Djamila Ribeiro é uma reflexão necessária, assim como outras publicações desta e demais autores e autoras negros/as.

Terminei de ler este livro e em breve termino de ler o “lugar de fala” da mesma autora, além de outros livros com a temática "feminismos plurais", sob coordenação de Djamila Ribeiro), que minha filha comprou para o devido aprimoramento desta temática através de leituras antirracistas.

A autora faz uma advertência logo no início do livro, afirmando que: “Nunca entre numa discussão sobre o racismo dizendo ‘mas eu não sou racista’”, uma vez que, “o que está em questão não é um posicionamento moral, individual, mas um problema estrutural, complementa a autora.

Ela vai ainda citar Munanga, “ecoa, dentro de muitos brasileiros, uma voz muito forte que grita: ‘Não somos racistas! Racistas são os outros’”.

“Um bom exemplo dessa atitude está numa pesquisa do Datafolha realizada em 1995, que mostrou que 89% dos brasileiros admitiam existir preconceito de cor no Brasil, mas 90% se identificava como não racista”. (pagina 21)

Este livro é um convite ao debate permanente sobre o inteiro teor do livro que chama atenção para a efetiva militância contra toda e qualquer forma de preconceito no sistema capitalista que transformou negros em mercadoria e nas entranhas do capital o racismo é estrutural e deve ser enfrentado em todas as esferas e espaços na sociedade.


Djamila considera um avanço no campo das políticas afirmativas e na legislação que pautou este significativo debate na sociedade, no âmbito do governo petista. A autora também faz menção a tese de doutorado de Cida Bento sobre o pacto narcísico da branquitude“ usada para definir como pessoas brancas anuem entre si para a manutenção de privilégios-colabora com a exclusão de outros grupos nas indicações de trabalho”.(página 54)


Ao citar a necessidade da leitura das contribuições de autores negros, ela cita o desafio encontrado sobre o epistemicídio. O Sociólogo Boaventura Santos explicitou esse conceito em sua tese de doutorado que foi assim definido: “ alia-se nesse processo de banimento social a exclusão das oportunidades educacionais, o principal ativo pra a mobilidade social no país. Nessa dinâmica, o aparelho educacional tem se constituído, de forma quase absoluta, para os racialmente inferiorizados, como fonte de múltiplos processos de aniquilamento da capacidade cognitiva e da confiança intelectual. É fenômeno que ocorre pelo rebaixamento da autoestima que o racismo e a discriminação provocam no cotidiano escolar; pela negação aos negros da condição de sujeitos de conhecimentos, por meio da desvalorização, negação ou ocultamento das contribuições do continente africano e da diáspora africana ao patrimônio cultural da humanidade; pela imposição do embranquecimento cultural e pela produção do fracasso e evasão escolar. A esse processo denominamos epistemicídio”, conclui Boaventura. (pagina 62)

Dentre outras afirmativas e narrativas a escritora finaliza o livro fazendo uma convocação geral ao conclamar que:“Este livro é uma pequena contribuição para estimular o autoconhecimento e a construção de práticas antirracistas.”(página 108)

Como sugestão para combater o epistemicídio e avançar no campo da educação escolar e em todos os espaços possíveis e impossíveis, seria importante começarmos por discutir este livro a partir dos educadores/as e exigir que a sociedade avance nos conceitos que o livro expressa, na releitura sobre o processo histórico escravagista e no engajamento rumo a uma nova sociedade com a construção e um mundo novo, livre de todas as formas de opressões. Devemos desenvolver a práxis antirracista urgentemente, particularmente num contexto de racismo exacerbado como vem acontecendo nos EUA, e na guerra civil no Brasil, uma vez que a cada 26 minutos um jovem negro da periferia é assassinado.

Vamos nessa?


Aldo Santos - Ex-vereador, escritor e militante do movimento sindical, popular e estudantil.

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