ENFRENTE! ***
Desde que o mundo viu surgir a primeira fábrica industrial, nenhuma forma de mobilização se mostrou tão eficiente em disseminar pânico entre as classes dominantes como as greves operárias. A paralisação da produção e da circulação de mercadorias, ainda que por momentos muito breves, representa a esterilização parcial da reprodução da exploração humana pelo capital, e portanto, a queda abrupta das taxas de lucro dos burgueses e seu poder de coerção tido como absoluto sobre os trabalhadores.
No modo de produção capitalista, assim como em todos aqueles onde a divisão do trabalho implica na divisão da sociedade em classes, os interesses das classes dominantes se materializam quando os interesses da classe trabalhadora são prejudicados. Em vista disso, devemos ter de forma bastante clara que toda e qualquer greve de trabalhadores e trabalhadoras que tenha como objetivo atacar os interesses da burguesia deve contar com o apoio imediato dos movimentos e partidos populares.
As paralisações dos servidores públicos de São Bernardo do Campo dos metroviários da capital paulista, ambas iniciadas na última quinta-feira, 23 de março, chegam com um impacto estrondoso em um momento onde as forças reacionárias em conjunto lutam para impor ao governo Lula a manutenção das reformas neoliberais que foram despejadas sob as costas da população após o golpe de 2016, além de uma politica econômica rigorosa de austeridade fiscal, combinada com a servidão financeira imposta pelas finanças através da autonomia do Banco Central e sua política de juros mercenária. O governador de São Paulo, Tarcísio Freitas e o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando recusam-se a conceder o reajuste salarial justo e reivindicado por ambas as categorias, além de temas que dizem respeito a carreira, condições de trabalho, qualidade e acessibilidade da prestação dos serviços.
Fazemos também uma menção honrosa à classe trabalhadora francesa, que neste momento continua a incendiar seu país em protesto à medida autocrática de Macron que ataca ao sistema previdenciário. Devemos denunciar ainda que amplos segmentos da esquerda brasileira, sobretudo entre os setores hegemônicos, se intimidam e se acovardam perante manifestações legitimas e necessárias da classe trabalhadora, não têm a disposição nem o compromisso ideológico com a sua luta, e por isso não ousam levantar a voz contra os donos do capital e seus subordinados. Mas também há neste país milhões de pessoas e centenas de organizações que não oscilam na hora de manifestar-se em defesa das greves destas e de quaisquer outras categorias de trabalhadores! E é certamente ao lado destas que nos encontramos.
Tarcísio Freitas e Orlando Morando expressam ambos as frações mais odiosas do neoliberalismo, durante quatro anos cerraram fileiras com Bolsonaro e continuam a serem cumplices dos fascistas ocupados nas instituições de Estado, e não relutam em levar adiante toda a agenda de destruição de direitos trabalhistas e de rapinagem do patrimônio publico. Que estas paralisações façam recuar os inimigos do povo, e que sirvam de exemplo para todos os segmentos explorados da sociedade, que se multipliquem as greves pelo país e pelo mundo!
23 de março de 2023, Enfrente!
Comentarios