Uma tarde inesquecível no Sarau Mãe da lua

O primeiro Sarau do Cordão Mãe da Lua, realizado  no aconchegante restaurante Dona Zefa foi um grande evento cultural e politicamente  contextualizado.

Músicas, poesias e exposições de livros, quadros, e muitas conversas gostosas,  marcaram este potente Evento.

Além da presença de dezenas de pessoas de várias cidades, também compareceram o  Deputado Estadual Carlos Giannazi  e a Deputada Federal Luciene Cavalcante.

Sob a coordenação do professor Serginho Linhares Hora, o ato de desagravo ao Professor Aldo dos Santos e a Advogada Camila Alves foi  também  muito significativo.

Usaram a palavra para externar apoio e solidariedade o Deputado Carlos Giannazi, a deputada  federal Luciene Cavalcante, bem como  a Neuza pela Aproffib, o Chico pela Aproffesp, o Cana  como vice coordenador da Apeoesp SBC e o professor Aldo dos Santos. A Camila justificou a ausência, visto que não estava bem de saúde.

Após o ato político, a atividade cultural deu continuidade até o boa parte da noite.

Cabe registrar que durante o evento, por intermédio da Deputada Luciene, o Deputado federal Guilherme Boulos ligou  para o professor  Aldo dos Santos, externando também sua solidariedade e se colocando a disposição junto a  bancada federal do Psol e  nos encaminhamentos políticos necessários.

Nosso Profundo agradecimento ao Professor Serginho e  aos organizadores deste evento, e profunda gratidão por terem pautado  e viabilizado o referido ato de desagravo,  diante de uma das mais horripilantes injustiça em nome da “justiça Brasileira”, que é a condenação e criminalização dos movimentos e lutadores sociais.

O Professor Aldo leu uma poesia da jornalista Palestina Hebba Ayyad que nos comoveu a todos e todas.

Leia a íntegra da poesia: Isso é a ruína encarnada no corpo de uma mulher...

Quando você lê que uma médica de Gaza se despediu de seus nove filhos em um único dia, não procure por palavras — tire os sapatos no limiar da linguagem… e caminhe descalço sobre o chão dessa notícia.

Porque isso não é uma notícia... é uma devastação, não é narrativa... é apocalipse, não é sangue... é uma galáxia inteira colapsando no peito de uma mulher.

Meu Deus... nove?

Como se escreve o número 9 quando cada um dele é um coração?

E como um único coração consegue suportar nove quebras de uma vez só?

Existe, no corpo, um espaço onde possa repousar tamanha dor?

Existe, na terra, espaço suficiente para sepultar todos eles… sem que o próprio solo se rasgue?

E o mundo... o mundo ainda segue como se nada tivesse acontecido?

 Isso é a ruína encarnada no corpo de uma mulher...

Uma mulher que não chorou apenas um filho — ela chorou toda a sua maternidade.

Chorou o bebê que precisava do seu colo,

O jovem que enchia a casa de risos,

O menino que sonhava com uma bicicleta verde,

O adolescente que, um dia, escreveu no caderno:

"Mamãe, eu quero ser um herói."

E você, mundo...

Como encara o próprio reflexo depois disso?

Como escreve suas leis, assina seus tratados, inaugura suas universidades, quando, no canto do mapa, uma mãe enterrou o próprio sonho nove vezes?

Heba Ayyad

Jornalista internacional, Escritora Palestina Brasileira,

(poesia publicada no AbcdaLUTA)

Comunicação AbcdaLUTA