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Foto do escritorAldo Santos

ESBOÇO DE UMA NOVA INTERPRETAÇÃO DA HISTÓRIA DO BRASIL


Depois da Independência do Brasil já no dia 08/ 09/1822, esperava-se que aqui no Brasil acontecesse o mesmo que aconteceu lá no EUA , logo após sua independência,porém, só veio acontecer no ano de 1865, ou seja, a burguesia do Norte dos EUA resolveu enfrentar o sul rural dos EUA que insistia em se manter medieval, mesmo em outros tempos.


Assim o norte entrou em guerra contra o sul, na maior Guerra civil da história daquele país, na denominada guerra da secessão, guerra de separação entre o Norte Industrial e o sul, agrário escravocrata.


Assim aconteceu na Europa também, nas lutas entre a burguesia moderna e o Ancien Regime europes: as conhecidas Revoluções Burguesas da Modernidade!


Entretanto, aqui no Brasil, após sua independência, a Monarquia aqui instalada não enfrentou revoltas que a colocasse em perigo, apenas algumas revoltas regionalizadas que foram logo debeladas.


Que a abalasse mesmo, só houve uma, que acabou colocando por fim definitivo aquela Monarquia imperial, extensão e continuidade direta da Monarquia Absoluta Europeia portuguesa (transplantada para cá nos idos anos de 1808 quando em fuga das tropas napoleônica que invadiriam Portugal se mudou para a colônia portuguesa na América, antes mesmo da nossa independência.


Esta foi a única monarquia absoluta europeia que existiu e resistiu, durante o Ancien Regime, encravada aqui na América, que já se encontrava toda Republicana, desde o seu início até ao final do continente americano.


Todas elas foram já derrubadas em solo europeu, com exceção evidentemente, da portuguesa da advinda em fuga, de Portugal. Devido a isso sua longevidade ultrapassara todas as demais anteriores, estendendo-se até próximo ao início do século XX, cuja duração foi até 15/11/1889, dia mês e ano do golpe militar que a derrubou, pondo um fim a mesma, de formas que, só nesse ano aconteceu o confronto fatal entre a Monarquia Imperial Brasileira e a nova classe social e econômica capaz de derruba-la, pondo um fim a mesma. Entretanto, como era de se esperar não foi um nova classe social urbana, não foi uma força industrial burguesa, como tipicamente acontecia na Europa, mas, para o espanto de todos foi sim, uma nova classe agrícola, advinda dos poderes comerciais uma nova cultura, plantada em seus campos agrícolas, as plantações de café em seus campos agrícolas do Sudeste. Porém, podendo ser ainda entendida como uma produção agrícola nos moldes da Europa Medieval, mas, muito mais sofisticado, e, em alguma parte dela, já fazendo uso de mão-de-obra livre e assalariada.



Mas, para surpresas da história, em específico a do Brasil, essa nova classe econômica que se levantou contra a Monarquia brasileira, e, após a sua derrubada, realizou aqui, no Brasil, a tarefa típica que a burguesia europeia fazia na Europa, contra as monarquias absolutistas do Ancien Regime, que era proclamar a República e implementar a democracia.


Esse movimento agrário aqui no Brasil, fez o serviço que era esperado que a burguesia nacional brasileira o fizesse, nos moldes europeus. Implementaram aqui a República e a democracia como um novo regime, mesmo tendo aqui uma burguesia industrial inicial, ainda muito incipiente e insignificante, em termos políticos e sociológicos com força para se tornar o novo poder político e econômico nacional.


Porém, essa nova classe econômica rural, que se estabeleceu no poder político, pós - monarquia, durante o período das duas grandes guerras mundiais, teve que ter iniciativas empreendedoras em um novo ramo, agora nas cidades, com investimentos no campo industrial também, pois da Europa em guerra não recebiam mais nada em termos industriais. Então, aqui no Brasil, o poder agrário teve uma dupla função, impôs-se, tanto no campo, com seus grandes latifúndios, e, nas cidades, agora em seu novo ramo, o ramo industrial. É, evidentemente, que este novo arranjo sociológico inibiu, mais uma vez, o poder de arranque revolucionário de uma classe social burguesa de verdade para que depois de feitas as suas tarefas políticas(a proclamação da República e do sistema democrático) e econômicas (a reforma agrária como foram realizadas, tanto na Europa, quanto na América do Norte no período do pós Guerra Civil) tivesse a capacidade de impulsionar o Brasil, e, moderniza-lo ao mesmo tempo, mas, não foi isto o que historicamente aconteceu de fato, pois a condição de uma República agrária se estendeu até os anos 30, quando, um novo levante agrário aconteceu aqui em terras brasileiras, a qual, quase todos os intelectuais brasileiros a chamam de Revolução burguesa dos anos 1930, que de burguesa não tinha nada.


Evidentemente que não fora uma Revolução Burguesa, muito pelo contrário, pois, na verdade foi um outro levante agrário, de caráter rural, contra a outra elite rural antiga já estabelecida, que havia dado golpe (que derrubou a monarquia brasileira, últimos resquícios das antigas monarquias absolutistas, do período do Ancien Regime europeu, como já falamos anteriormente).


Este novo grupo agrário (cujo eixo de ação são os polos norte e sul) com a sua chegada revolucionária quebra a antiga ação hegemônica de poder do sudeste brasileiro, baseada nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Penso que a pergunta que nos devemos nos fazer é: a Revolução burguesa brasileira aconteceu de fato, quando?


No meu ponto de vista a Revolução burguesa brasileira só aconteceu de fato no ano de 1932, acontecimento este que muitos historiadores chamam de Revolução Constitucionalista de 1932.


Aqui sim e neste momento temos a verdadeira Revolução burguesa brasileira típica, que lá na Europa, na luta contra os poderes monárquicos absolutistas da época, os colocou tudo por terra.


Aqui, no Brasil, porém as coisas aconteceram de modo diverso, das que aconteceram em outros países! A burguesia do Sudeste, em específico, a burguesia de São Paulo, opôs-se de imediato àquele retorno de um novo poder rural, nos molde de uma nova monarquia absolutista, desde o momento que se viram retirados do poder, de modo específico, pelo poder das armas.


De modos que, tentaram, logo imediato tirá-los do poder. Só que numa ação de contra- revolução. Porém, esse grupo que acabara de entrar no poder, não estava predisposto a abdicar do poder, mas sim, de defendê-lo, até fazendo uso das armas se necessário. Assim, além de resistir aos burgueses revoltosos do Sudeste, que pegaram em armas também, levando o Brasil a uma guerra civil, o Sudeste, em específico os paulistas, logo se viram só e militarmente incapazes de fazer frente ao poderio bélico das tropas federais que já cercavam o Estado de São Paulo, e, o número crescente de mortes, entre os paulistas que pegaram em armas e foram a guerra. Aquele cerco ao Estado de São Paulo como um todo, obrigou à deporem as armas, diante das tropas federais enviadas formada por tropas enviadas de quase todos os Estados brasileiros.


Além do que, entre as suas armas contavam com o poderio bélico dos seus aviões, que poderia bombardear toda a cidade de São Paulo, muito embora a cidade de Santos tenha sido bombardeado duramente. As exigências dos revoltosos dos burgueses do Sudeste eram típicos pontos característicos das revoluções burguesas, pós revoluções exitosas, como por exemplo, a instituição de uma nova Constituição Republicana e o restabelecimento imediato da democracia.


E se tivessem ganhado a guerra provavelmente seriam capazes de realizarem reforma agrária nas terras e regiões de seus inimigos derrotados. Mas, como se mantiveram no poder, vitoriosos que foram, na resistência contra o levante dos revoltosos do Sudeste, nada foi modificado no território brasileiro em termos agrários.


Disso, podemos dizer que aqui no Brasil, diferentemente dos EUA, o levante burguês do Sudeste perdeu, para a resistência dos ruralista. Lá, nos EUA, como vimos, o norte industrializado ganhou do Sul rural e modernizou o país praticando categoremático agrária nas terras dos perdedores sulistas. Já aqui no Brasil, deu-se justamente o contrário, a burguesia industrial do Sudeste, perdeu a Guerra para os ruralista unidos do Brasil todo. Assim o nosso país segue, segue sendo aquela mesma monarquia absolutista, que tivemos aqui, durante todo o século XIX, muito embora vestida com uma nova indumentária, e, novos modos de ser, que teve, que aceitar como novos implantes exigidos pelos tempos modernos que lhe dessem um ar de modernidade, como, por exemplo o caráter republicano e democrático (implementado por parte da elite ruralista brasileira, como vimos).


Além disso a manutenção do trabalho livre e assalariado, como forma de ser e de estar da classe trabalhadora brasileira que foi, ao longo do tempo, acompanhando as inovações e modernizações, tanto do campo, quanto das cidades existentes e implementadas mundo afora.


O Brasil permanece assim, monárquico (mas com uma roupagem agora republicana moderna), a democracia como auxílio complementar a “república”, e o trabalho livre e assalariado, em substituição ao trabalho escravo (muito embora, não tenha avançado em um passo se quer, em termos de cidadania, nesse país!).


As terras continuam concentradas e os latifúndios continuam a existir (sem nada lhes alterar a forma!) sem nenhum constrangimento, e nos últimos tempos, com o agronegócio tem se tomado de suma importância devido ao acréscimo no PIB brasileiro, mas, a contribuição para a sociedade brasileira continua insignificante. Isto só reproduz e reforça o antigo o sistema colônia português que vem de lá até os nossos dias.


No mesmo sentido manteve-se o poder político rural de hoje em dia! Assim, esta estrutura se mantém até os dias atuais e permanece totalmente inalterado (sendo o ruralismo ainda a dar as cartas e os rumos desse país). Desta forma, tanto as terras quanto o poder político continuam concentrados nas mãos do ruralismo brasileiro. No Brasil ainda não foi desenvolvido uma forte burguesia com um poder social, econômico e político baseado em um factível projeto industrial para o Brasil, e, para os novos tempos. É, por isto, que hoje vivemos uma realidade totalmente desconfortável que tem relação com a falta de uma industrialização autóctone e, por outro lado, com a desindustrialização (das indústrias) transplantada. As indústrias nacionais brasileiras não cumprem ainda a sua função principal, de assumir o protagonismo do progresso nacional como classe transformadora. Com isto, uma Revolução da classe trabalhadora, com força o suficiente, para levar o Brasil a um outro patamar de sociedade, como a sociedade Socialista, fica quase que impossível de ser realizada ainda nesse momento. Isto sem contar, que uma boa parte da classe trabalhadora industrial foi absorvida para trabalhar no setor de serviços, setor este ainda totalmente disperso e desorganizado, em termos de luta, e, reivindicações. Tudo isto sem contar que as forças armadas brasileiras foram totalmente cooptadas já no início do projeto de “República” rural.


É bom ressaltar que foram essas forças (as forças armadas) que já estavam comprometidas com aquele grupo rural dissidente que foram os principais protagonistas do golpe militar que derrubou a antiga monarquia imperial, e, essas forças, continuam até hoje atrelado ao projeto ruralista, tanto do grupo dos primeiros militares que deram o golpe, e derrubaram a monarquia, quanto do novo grupo dos militares da revolução de 1930, bem como os militares de 1964, e, os atuais militares apoiadores do governo de extrema direita do Bolsonaro.


E, pelo visto, será muito difícil convencer essas forças, para abdicarem dos projetos capitalistas, dos ruralismo atual, por um projeto de esquerda, de uma sociedade socialista, onde possivelmente perderão grande parte dos privilégios, que atualmente tem e o sistema capitalista lhes garante. Esta situação é mais um complicador para as forças sociais comprometidas com um projeto de sociedade justa, uma sociedade progressista.


Gostaria de submeter esta visão da história do Brasil a análise críticas de todos os companheiros e companheiras que pensam o Brasil numa dimensão histórico/filosófica!!!


Abração fraterno e solidário!!!



Valdenir Abel - professor de Filosofia e História das Escolas Estaduais de São Paulo, lotado na cidade de SCSUL, fazendo parte dos associados da APEOESP, da APROFFESP e da APROFFIB!!!

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