Por: Joaquim Neto*...
Uma leve prosa...
Hoje, 21 de abril de 2022, feriado nacional. Homenagem a Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier.
Em 1640 (século XVII) ocorre a Restauração portuguesa. Inicia-se a dinastia de Bragança que vigorará até 1910. Fim da União Ibérica.
Pois bem... São desta dinastia: .... Dom José I que é pai de Maria I que é mãe de Dom João VI que é pai de Pedro I que é pai de Pedro II que é pai da princesa Isabel...
Contextualizando... Crepúsculo do século XVIII, aurora do século XIX. Revoluções burguesas (Revolução francesa...) na Europa, Independência das Treze Colônias da América do Norte - embrião da formação do atual: Estados Unidos da América...
Terremoto de Lisboa em 1750..
Portugal, na disputa hegemônica da época entre a França Napoleônica e a Inglaterra, aliou-se a esta. Aliás, esta aliança remonta 1640. Foi a Inglaterra a grande fiadora da Restauração portuguesa.
Dom José I, tendo como espécie de primeiro-ministro, o marquês de Pombal (Conde de Oeiras), reinou até 1777. Foi sucedido no trono pela filha, Maria (aliás tinha várias filhas por nome Maria). Esta Maria, "não foi, como as outras"... Muito conservadora. Tinha dois apelidos: "A piedosa e A louca"!! O primeiro justifica-se pelo ferrenho conservadorismo piega e o segundo, face mesmo a problemas (distúrbios mentais).
No ocaso do século XVIII, explode em Minas Gerais, um movimento que ficou conhecido por : "Inconfidência Mineira" ou "Conjuração Mineira"!! Foi um movimento articulado pela pequena burguesia, intelectuais (Thomas Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Padre Rolim...) e este alferes Joaquim que, por também lidar com próteses dentárias, era também conhecido por Tiradentes.
Alguns erros táticos da liderança daquele movimento que, modestamente, consigo identificar:
1 - Não articulou ( "costurou") a peleja internacionalmente, como fizera os norte americanos. A França napoleônica teria forte interesse estratégico no desfecho desta peleja aqui no hemisfério sul do continente americano. Portugal era fiel aliado de sua arqui-rival Inglaterra. Diria mais: Não articularam eficazmente sequer internamente aqui no Brasil.
2 - Não articulou, não estimulou à participação dos garimpeiros, os mineiros (a base) para esta árdua peleja. Nesta peleja capital (Estado) versus trabalho, este foi menosprezado pelos organizadores.
3 - Portugal, nesta época, passava por profunda crise financeira. Precisava arrecadar para reconstruir a sua capital, Lisboa, pós terremoto.
Erros táticos e estratégicos foram decisivos para o fracasso daquele movimento.
Portugal aperta o cerco. Quer arrecadar mais (o quinto) de todo ouro extraído. Correspondia a 20% de todo ouro extraído.
Este movimento (Inconfidência mineira) foi, na prática, uma luta contra a sanha por recursos financeiros da coroa portuguesa e mais do que isto: Uma peleja pela emancipação política do Brasil em relação a Portugal. Era, como se vê, necessária uma melhor articulação daquela luta.
O resultado, assim, era quase que previsível...
Uma rainha louca deveras (sérios distúrbios mentais), a rainha Maria I, ordena finalmente a prisão, julgamento sumário, e a pena de morte (enforcamento) de Tiradentes no Rio de Janeiro em 21 de abril de 1792. Os outros participantes foram deportados para Colônias portuguesas da África...
Em 1808, o filho da Maria I, João (príncipe regente) transfere a corte portuguesa para o Brasil escoltado pela marinha inglesa...
Em 1816, morre no Rio de Janeiro a rainha Maria I, assume seu filho, João (Dom João VI). Este retorna a Portugal...
Em 1822 veio à moda portuguesa a Independência do Brasil. Realizada pelo neto de Maria I, Pedro I.
Veio em 1889 a República que transformou Tiradentes em patrono cívico da nação, herói nacional...
Tem uma discussão acadêmica: a política determina a economia ou a economia determina a política. Para Karl Marx, a economia é a infraestrutura e o restante (a política, inclusive) é a superestrutura... Mas, neste caso retromencionado, ao que parece, a política foi determinante...
Em síntese é isto!!
Um bom feriado a cada companheiro, a cada companheira e que permaneçamos atentos aos acontecimentos de hoje, pois repercutirão amanhã...
Joaquim Netto - Filósofo, Advogado e Médico.
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