Teotônio Nóbrega***
Companheiro Aldo Santos...
Confesso que comecei a ler o livro Rumo à Estação Catanduva e ficar inquieto para chegar ao término o mais rápido possível.
Consegui ler em apenas algumas horas, pois trata-se de uma história que nos deixa de certa forma eufórico para chegarmos às páginas finais, na curiosidade de ver o desfecho final; ainda bem que teve um final feliz.
Muitos trabalhadores, jovens e crianças, que se submeteram ao trabalho duro, muitas vezes análogo ao da escravidão nas áreas rurais desse país não tiveram a mesma sorte que ti, aja vista o cantor sertanejo Leandro da dupla com Leonardo, morreu muito jovem ainda, vítima do envenenamento quando criança e adolescente nas roças de tomates no estado de Goiás, só para citar um caso, que por ser famoso, teve repercussão. Os outros Zés e Joãos passaram despercebidos.
A tua história se confunde com a de milhares desses explorados e de todos os migrantes nordestinos, que se aventuram nas décadas de 1950 a 1970 fugindo da seca, da fome e da miséria em direção às terras desconhecidas do Sul do país, seus pais assim como outros milhares de nossos irmãos do nordeste, foram e continuam sendo, antes de tudo, um povo forte, para citar Euclides da Cunha.
Você é um sobrevivente de muitas guerras, como disse aquele senhor na ambulância rumo a Catanduva, a primeira foi ter sobrevivido as altas taxas de mortalidade infantil, a fome nos primeiros anos de vida, (assim como eu), a segunda, as condições de quase escravidão como boia fria no interior de São Paulo, e a terceira, a esse verdadeiro calvário que foste acometido pelos problemas de saúde.
Deus tinha um propósito para a tua vida, que de certa forma era deixá-lo vivo a lutar por justiça social, enfrentar o sistema e continuar na "guerra" que a vida nos impõe...
Parabéns, pela obra e pela a vida.
Forte abraço!
Teotônio Nóbrega - Prof. De Geografia na EE Brazilia Tondi de Lima, Militante do sindicato dos professores (apeoesp)
Assim como Joãos e Zés, as Marias e Amélias presentes nas luta por conquistas em prol dos filhos e de todos que resistem. Suas vozes e gritos, mesmo que parte da história insista em silenciar, ecoam em prol de respeito e dignidade.