Por:João Carlos Novaes Luz***
Ontem no finzinho da noite Natalina ,em meio aquela melancolia de fim de natal, li o grande livro do Aldo Santos que se chama "Estação Catanduva" mas poderia se chamar "Estacão Esperança" pela grandeza de transformar o sofrimento humano e em possibilidade de uma vida melhor e mais bela.
Grande professor, filósofo,escritor, Lutador político e social e um grande humanista e sobretudo um lutador incansável das lutas por um mundo justo e igualitário.
Aldo é um gigante da sensibilidade humana, que narra com detalhes e minúcias tanto sofrimento social dos retirantes nordestinos, que acaba sendo um retrato de inúmeros sentimentos familiares de muitos de nós oriundo de famílias nordestinas ou de europeus pobres.
Não tive como conectar essa comovente história, com a do meu pai e tantos amigos deles, que vieram para o sul maravilha,com parcos recursos financeiro e muitos sonhos a se realizarem na grande metrópole que engolia sonhos e a pureza do homem do Campo.
Do adolescente que aplicava veneno na lavoura na cidade de Mesópolis na região de Jales, para ajudar a família a produzir grãos e alimentos para o consumo, ao universo do mundo do trabalho urbano e árido do capitalismo fabril da segunda metade do século 20 no sudeste brasileiro.
Da numerosa família oriunda de Brejo santo no Ceará que vem desbravar novas oportunidades econômicas e humanas, numa são Paulo preconceituosa, desigual e áspera desde sempre.
Aldo narra sua trajetória, com uma simplicidade e uma dignidade jamais vista.Uma luta pela sua saúde,numa epopeia pela vida e a dignidade humana com episódios tragicômicos,como quando guardou uma faca para uma briga com outro paciente no hospital, que resultou na sua expulsão do hospital e do longo tratamento médico.
Aldo relata o desconhecimento e preconceito social de quem era tratado de tuberculose no Brasil.Me fez lembrar de uma tia minha que ficou por 6 meses em Campos do Jordão em completo isolamento,e meu pai e meu tio a visitava religiosamente aos fins de semana.
Aldo narra hospitais que ainda hoje, apesar dos avanços das políticas públicas do SUS e o compromisso de mantenedores religiosos, no fundo são a última estadia de doentes pobres, quase a ante sala da morte.
Mesmo diante desse quadro de perdas e mortes,o livro de Aldo Santos exala esperança, de alguém que por anos, desde a mais tenra idade teve que lutar com todas as forças para se manter vivo e com saúde,primeiro no universo rural na longínqua região de Jales depois na urbana e fabril região metropolitana de SP.
Outro relato esperançoso é o compromisso solidário de seus irmãos,que no universo operário de SBC e SP, arrumavam tempo e dinheiro, para cuidar do irmão adoecido com muita dedicação e esperança...Laços humanos fundamentais de uma solidariedade ímpar, que uma sociedade automatizada e ultra tecnológica como a de hoje,faz tantas famílias perderem essa relação humana, afetiva e fraterna.
Ao término da leitura, só aumenta a admiração de quem conhece a trajetória do Aldo Santos, que em meio a tantas adversidades, sobreviveu a doença, a pobreza para acessar via mundo do trabalho, acesso a educação superior e como Educador, formar tantos seres humanos para a vida e a luta pela emancipação humana e o bem coletivo.
Terminei o livro com uma vontade danada, de dar um longo abraço no grande Aldo, esse combatendo da vida, em todas as suas dimensões, que não abandona a luta por uma sociedade mais justa, humano e fraterna seja como professor, vereador, profissional da saúde e dirigente político e sindical.
Se houvesse mais Aldo Santos na vida de todos nós...seja como o escritor da estação catanduva,o professor sindicalista que não desiste da luta em defesa da educação pública,o lutador social em defesa de moradias dignas.
Ah se existissem mais Aldo Santos...o mundo seria menos áspero e muito mais leve, delicado, poético e justo.
João Carlos Novaes Luz
*Educador e fotógrafo
Grande Aldo, que sabe estar de modo simples junto aos mais vulneráveis.