Valdenir Abel ****
Senhores e senhoras a Educação em São Caetano do Sul causa muito espanto e indignação em qualquer ser humano deste século XXI.
Pois vejam vocês, tem uns vereadores nesta cidade que pensam que ainda estamos vivendo em tempos medievais.
Eles pensam que a Educação de hoje deveria seguir os mesmos moldes daqueles tempos, daquele momento histórico no qual existiam os Reis absolutistas, as Igrejas católicas (que viriam, mais tarde, a estabelecerem o famoso Santo ofício, que ficou conhecido como a Santa Inquisição),onde a nobreza feudal vivia naquele velho sistema de vassalagem de fidelidade irrestrita aos Rei absolutistas.
Neste tempo não se podia questionar nada, nem do ponto de vista terreno ou político, nem do ponto de vista religioso, espiritual, visto que , aqueles que o fizessem e dirigissem seus questionamentos a Igreja católica, eram tidas, no caso das mulheres, como bruxas e no caso dos homens, como hereges, e se fosse um questionamento político direcionado a figura dos Reis absolutistas, eram tidos como uns infiéis. Neste caso, haveriam de cumprir penas que poderiam ser, no caso religioso, terminar na fogueira, e, no caso político, em enforcamento, ou, no ostracismo (extradição a ser cumprida a beira mar onde o condenado deveria passar o resto da sua vida, pois sua vida em sociedade fora cancelada pelo rei).
O povo, naquela ocasião não podia expressar com ninguém as suas ideias e pensamentos políticos e religiosos, sob pena de ser denunciado. Assim, eram tratadas as pessoas na época medieval, até o século XV, porém isto se alongou até o século XVIII a época da Revolução Francesa. Como sabemos, a modernidade colocou todo aquele velho sistema medieval por terra, assim todo aquele velho regime foi desfeito. Dele não sobrou nada, pedra sobre pedra.
A modernidade trouxe consigo uma nova visão de sociedade, um novo modelo de organização societária, o sistema Republicano e democrático que varreu do mapa o antigo pensamento medieval, como se fora uma poeira indesejada, um entulho no meio do caminho, como dizemos hoje, um lixo atômico atrapalhando a história da humanidade.
Aquele velho sistema (onde nada podia ser questionado) começou a ruir, com a publicação do livro do Filósofo Rene Descartes, “Questão de método” que colocava tudo em dúvida, cujo método era: o método da dúvida metódica.
Assim, enquanto na Idade Média nada podia se questionar nada (nem os dogmas da Igreja, nem as leis dos Reis absolutistas), a partir daquele momento, da publicação da obra de Descarte, nada podia deixar de ser questionado ou ser questionável. As pessoas passaram a ser livres para pensarem, duvidarem e exprimirem seus pensamentos.
Tivemos ainda, um outro grande pensador filósofo que na modernidade nos trouxe uma importante contribuição à política naquele momento já longevo do período da modernidade,( Jean-Jaques Rousseau) que nos trouxe a ideia, em termos políticos de que o povo é quem seria o soberano, não mais os reis absolutistas; ou seja, o povo através da democracia é quem iria, a partir de então, decidir, através do voto, os caminhos que a sociedade e nação deveriam seguir, não mais os reis absolutistas.
Neste sentido, tanto a escolha dos governantes quanto aos caminhos que as nações deverão seguir passou a ser e a estar ligados à vontade geral do povo e expressar nas urnas e nas eleições, amplas, irrestritas e universais, porque todos são iguais.
E quanto à formação das pessoas, estas vivem em sociedades e devem ser por estas formadas, pois as pessoas formam as suas ideias e preferências de escolhas, ouvindo as outras pessoas que vivem ao seu redor, em todos os momentos, como por exemplo na relação familiar, na relação que temos com a nossa família diariamente no convívio do nosso lar, e também com nossos amigos do bairro e nas igrejas que frequentamos ao longo do tempo. Nas escolas por onde passamos e ouvimos os nossos professores falarem de acordos com os seus entendimentos, e, os meios de comunicações em geral como os Jornais, rádio, tv, internet: Facebook, WhatsApp, Instagram, YouTube e etc; e é legítimo que assim seja, pois ninguém vive em uma ilha, ninguém vive isolado numa ilha, ou numa bolha separados de todos, pois somos seres sociais e comunicativos, e em liberdade de pensamento e expressão. Por isso, não existe o que esconder de ninguém, nem existe a possibilidade disso, somos livres tanto para falar quanto para ouvir! E, para completar, o quadro, temos ainda, os que devem falar por profissão ou por dever. Os que o fazem por profissão, são os professores (cuja profissão é professar diariamente sob pena de serem demitidos senão o fizerem), e temos também os comunicadores (cuja profissão, de ofício, é a de comunicar).
Temos ainda, os que devem comunicar por - dever - que são parlamentares (políticos escolhidos pelo povo nas eleições, de uma forma geral), pois, como políticos devem - palar - palavra italiana cujo significado é - falar. Assim, um parlamentar tem o dever de parlar/falar com todos, e no parlamento também. Portanto é preciso avisar ao vereador, cujo nome é Américo Scucuglia, que suas ideias e a sua fala em relação aos professores e professoras de São Caetano do Sul está totalmente ultrapassada e você vereador está totalmente desatualizado tanto em relação a história, quanto em filosofia do seu tempo, e, em pedagogia principalmente. Sua cabeça e as suas ideias vereador são típicas do medievo, da baixa Idade Média, muito embora, jovem.
Penso que isto se deve ao fato do senhor não ter ouvido as aulas dos seus professores direito quando eles lhes ensinaram tais assuntos, mas nunca é tarde demais para aprender, principalmente, levando-se em conta a responsabilidade que uma função pública, merece, tanto é, que para exercê-la é preciso saber o que se está fazendo, pois desta função depende muita gente. Mas, felizmente temos, no Brasil, ótimas Universidades ao seu dispor que poderão lhe ajudar. Modernize-se, vereador, ainda dá tempo pois é bom para o senhor, mas principalmente para a sociedade sulsancaetanense!!!!
Valdenir Abel - Professor da Escola Pública Estadual em São Caetano do Sul, sócio/militante do sindicato dos professores do Estado de São Paulo - APEOESP.
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