Professor Fagundes***
Educação em Risco: Crítica à Política de Bonificação e o Chamado à Valorização Humana na Sala de Aula.
Gostaria de compartilhar uma reflexão crítica sobre a política de bonificação para os professores da rede pública de educação básica no estado de São Paulo e em outras regiões. Esta prática, que prioriza o alcance de metas em detrimento do próprio ensino e aprendizagem, revela-se perversa e desleal. O investimento vultuoso em plataformas educacionais, bancadas com recursos públicos, que acabam subutilizadas ou inacessíveis, configura um desperdício do dinheiro dos contribuintes. Essas plataformas, custando bilhões aos cofres públicos, substituem o trabalho qualificado, humanizado e competente dos professores, relegando-os a um papel secundário na educação.
No contexto atual, observamos um assédio moral por parte dos dirigentes educacionais (diretores, coordenadores, vices, supervisores, entre outros), que pressionam os professores a cumprirem planos sem que os alunos tenham efetivamente aprendido. O foco é atingir metas a qualquer custo, mesmo que isso signifique a falta de conteúdo adequado, ausência de materiais didáticos e planos de ensino deficientes. As competições injustas baseadas em números, como os índices do SARESP, muitas vezes são manipuladas para alcançar resultados favoráveis, às custas da qualidade real da educação.
É absurdo classificar as escolas em ouro e diamante, oferecendo bônus apenas aos professores dessas categorias. Essa concepção capitalista na educação pública é desastrosa, pois prioriza metas em detrimento do conhecimento, habilidades e competências adquiridas pelos alunos. Apostar em bônus é tratar a educação como uma mercadoria, desvirtuando seu propósito essencial. Como afirmou Luis Carlos Freitas, "A verdadeira educação não pode ser mercadoria, mas sim um direito fundamental." Essa reflexão ressoa ainda mais quando consideramos as palavras de Moacir Gadotti, que destacou: "Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!".
Além disso, os contratos de trabalho atualmente impõem amarras aos professores, limitando sua capacidade de lutar e mobilizar-se por melhores condições. Os aposentados são deixados à margem, sem garantias, reajustes ou representatividade, já que o sistema de bonificação beneficia apenas os ativos. Nossa luta é por uma educação pública de qualidade, com professores valorizados e humanizados, recebendo salários dignos que reconheçam sua importância social.
Professor Fagundes – Formado em Física e Matemática pela Universidade de Mogi das Cruzes. Pós-graduação nas áreas de Educação de Jovens e Adultos, Psicopedagogia Clínica e Hospitalar, e Gestão Escolar. Seu envolvimento com a educação transcende a teoria, refletindo-se em papéis práticos como Coordenador Pedagógico na prefeitura de SBC e como professor titular de Física no estado de São Paulo. Militante Sindical e políticos atuando em várias frente desde 1992 na APEOESP, SINDISERV e PSOL.
Gostaria de agradecer aos leitores por levantarem questionamentos sobre a utilização da foto do holerite antigo em meu texto. Isso mostra que a intenção do texto em provocar reflexão foi alcançada, pois o contraponto histórico gerou discussões importantes sobre a persistência da desvalorização do magistério ao longo do tempo. No texto, utilizei a foto do holerite antigo para ilustrar essa persistência, destacando que a questão dos salários baixos já existia desde décadas atrás. Enquanto o texto faz uma crítica à política de bonificação no presente, a foto do holerite serve como um contraponto histórico, reforçando a relevância e a atualidade da crítica apresentada. Agradeço por enriquecerem o debate e por reconhecerem a importância da mensagem transmitida.
Esta política de bonificação foi um artifício utilizado pelo Estado para negar o aumento real que sempre foi bandeira de luta da nossa categoria. É uma política injusta porque cria concorrência; sempre teve critérios de avaliação duvidosa; é um "cala a boca" para desmobilizar a nossa luta. Nunca aceitamos e não aceitaremos "bônus" como premiação. Queremos aumento justo, real, para todos e todas, da ativa e aposentados.
Bônus é ilusão! Queremos reajuste real!