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Foto do escritorAldo Santos

Contextualizando a Inconfidência Mineira...



Por: Joaquim Neto.


Erros e acertos táticos/estratégicos na labuta política.


Transportemo-nos à segunda metade do século XVIII d.C. A burguesia se mobilizando na Europa e resvalando mundo a fora. A Revolução francesa (1789 - 1790)e a ascensão de Napoleão Bonaparte. A independência das Treze Colônias da América, embrião dos EUA em 1776. O terremoto que atingiu a capital portuguesa em 1755.

A disputa hegemônica entre ingleses e franceses. Brasil Colônia, ainda. A sucessão do trono português: de Dom José I para Maria I, a louca, ultraconservadora.

Aqui no Brasil, ciclo do ouro com foco nas Minas Gerais e suas consequências. Surge uma classe média, profissionais liberais influenciados pelos ideais burgueses (igualdade, liberdade, fraternidade)que sacodem a Europa e não aceitavam, por conseguinte, o modelo de administração da corte portuguesa para com a sua Colônia na América.

Joaquim José da Silva Xavier articula com setores destes profissionais liberais uma reação no ocaso do século XVIII contra as injustiças tributárias de Portugal: o quinto. Organizaram a derrama, prisão do Conde de Barbacena... Surge um traidor: Joaquim Silvério dos Reis. Foi abortado o movimento. Os organizadores presos. Tiradentes levado à sede do governo da Colônia (Rio de Janeiro) onde foi enforcado e esquartejado.

Fica a pergunta: Erraram taticamente os organizadores daquela peleja em Minas? Onde e por que erraram?

Veja:

Primeiro: Não envolveram, a meu juizo, todos os interessados na peleja. Ou seja: não envolveram a base, os trabalhadores nas minas de ouro. Foi, assim, um movimento burguês, elitista.

Segundo: Não se articularam, como fizera do outro lado do equador, os líderes da independência dos EUA. Fico, imaginando... Portugal aliado desde 1640 dos ingleses, haveria, com certeza, interesse dos franceses em escorar o movimento deste lado de cá do equador como, aliás, apoiaram os líderes da peleja pela independência dos EUA. Apoio nem sempre se oferece, há que ser suplicado e isso, por ingenuidade, não ocorreu.

Então, como diz por aqui, "Não se cutuca uma onça com vara curta..."!! Sem entrar no "meritum", o certo é que sem se articularem minimamente no plano interno e externo, como diz, "deu no que deu"!!

E assim, a independência do Brasil, veio somente em 1822 de uma forma "sui generis", por cima.

Os ideais de liberdade dos organizadores daquele movimento continua hoje na bandeira de Minas Gerais: "Libertas quae sera tamen": Liberdade ainda que tarde. Os poetas do arcadismo brasileiro (Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga....) estavam entre os organizadores do movimento e os seus sonetos estão aí a disposição de todos.

Joaquim José da Silva Xavier, no ocaso do século XIX, com a República, foi transformado em mártir e o dia de seu enforcamento (21 de abril de 1792) passou a ser feriado nacional.

A labuta, "mutatis mutandis", continua hoje. Exige de nós reflexão, muita reflexão, articulação "urbi et orbi" como condição "sine qua non" para o sucesso. Aprendamos a lição, pois.


Joaquim Netto - Filósofo, Advogado e Médico.

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