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Foto do escritorAldo Santos

As Bailarinas de Tereza

Andréa Lacerda***









Chovia mansamente,

e sob a calma chuva,

bailavam,

as bailarinas de Tereza.

Chovia intensamente,

e sob a densa chuva,

bailavam,

as bailarinas de Tereza.

Na calma chuva

ou na densa tempestade,

sempre alegres,

leves,

serenas,

belas e livres,

bailavam,

as bailarinas de Tereza.

Nos dias ensolarados,

também bailavam,

as disciplinadas

bailarinas de Tereza.

Quando em agosto,

os ventos sopravam

mais intensamente

bailavam,

ao ritmo do vento,

as bailarinas de Tereza.

E logo

chegava a primavera.

As bailarinas de Tereza estreavam um novo balé,

e bailavam,

as lindas e faceiras bailarinas de Tereza. Tereza,

de sua varanda

se inebriava com as majestosas e delicadas bailarinas,

que bailavam,

para trazer aos lábios de Tereza um sorriso,

de pura felicidade.

Tereza jamais se privava do lindo espetáculo.

Tereza,

com encantamento e doçura,

sempre,

partilhava do belo espetáculo que ofereciam

as bailarinas de Tereza.

Hoje,

Tereza já não contempla

de sua varanda o lindo e perfeito balé.

Mas as bailarinas de Tereza continuam seu bailar,

cada dia mais esmeradas,

perfeitas,

leves,

belas!

E como uma frequente homenagem,

àquela

que mais as admirou e aplaudiu,

bailam,

as bailarinas de Tereza..



Andréa Lacerda

Professora/Terapeuta


A exatamente um mês, escrevi esse pretenso poema que fluiu rápido, como a chuva que caía. Era madrugada. Lembrei de minha mãe, o que acontece inúmeras vezes todos os dias, desde sua partida a quase um ano e meio. Imaginei as “bailarinas” sob o temporal. As “Aroeira Salsa” árvores que adornam a calçada em frente a nossa casa, que foram carinhosamente apelidadas de “bailarinas” por minha mãe. Ela as admirava, com encantamento. E era exatamente o termo usado por ela sempre que me convidava a admirá-las, várias vezes ao dia

( a doença de Alzheimer era responsável pelas inúmeras repetições). Mas, mesmo antes da doença ela ficava sentada na varanda entre leitura e orações, em contemplação às bailarinas. Recordo agora como ela amava poemas, e com certeza naquela madrugada quando me levantei e escrevi estávamos fortemente conectadas. Lembro que sempre recitava para nós desde que éramos crianças, meus irmãos, irmã e eu. Espero que ela sorria, feliz!





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3 Comments


Belo poema. Singelamente nos conecta com a sinuosidade jovial e cadenciada da dança do balé aos movimentos elegantes da Aroeira Salsa ao vento numa bela transfiguração poética de uma senhora no crepúsculo de sua existência. A poesia por vezes refresca a aridez da vida cotidiana, encantando as pessoas que dela fruem por um momento e, por um momento, vemos e sentimos a leveza efêmera do Ser do Humano. Em novembro de 2018 se foi meu querido pai também, vitimado pelo Alzheimer,e este poema me trouxe as memórias de seu sorriso outra vez.( Rogério)

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Valquiria Lazzarin
Valquiria Lazzarin
Dec 27, 2023

Que lindo poema e homenagem à Dona Tereza! 🙏❤️🌷

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naoperes
naoperes
Dec 27, 2023

Lindo poema!

Recordações que nos fortalecem e mantém vivas as conexões e o amor eterno!

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