A visão neotecnicista da educação e a mitificação da Matemática
- Aldo Santos
- 5 de jun.
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Prof. Chico Gretter***
O problema não é das disciplinas ou áreas do conhecimento, mas da visão de mundo que usa o Conhecimento para uma coisa ou para outra. A questão é ética, moral, política, pedagógica! Mas quando, na educação, algumas disciplinas são endeusadas e outras são excluídas, demonstra justamente certa visão de mundo que aponta para um tipo de sociedade tecnicista, dominada pelo mercado, excludente, discriminatória, etc. Privilegiar a Matemática como se privilegia no Currículo é lamentável, pois esta visão pedagógica é míope, tecnocrática, burra!!! A criatividade, a empatia, a consciência crítica e cidadã, a sociabilidade, o valor da democracia não vêm da Matemática.
O mundo humanizado depende de outras competências e habilidade que vêm das Artes, da Filosofia e das Ciências Humanas em geral e possibilitam aos estudantes, futuros trabalhadores e cidadãos, competências, habilidades e valores para além do mercado de trabalho e do consume de bens materiais.
Os documentos da BNCC falam disso, mas na prática os tecnicistas não as possibilitam, pois excluem as disciplinas que podem levar os estudantes a elas. A visão neotecnicista do mundo é uma lástima, é uma farsa pedagógica! Este é o problema que apontamos desde a década de 90!
Quando se diminui drasticamente as aulas de Ciências Humanas, principalmente de Filosofia e Sociologia, a SEDUC/SP está empobrecendo o currículo e tirando dos alunos das escolas públicas a possibilidade de ascenderem ao ensino superior e mesmo de serem profissionais mais qualificados de forma mais abrangente e não apenas nas especializações. A educação não produz máquinas, nem carros ou sabonetes; a educação forma pessoas, cidadãos, forma gente, não apenas mão de obra para o mercado de trabalho.
O tecnicismo sobre de miopia e a “educação empresarial” é uma farsa que empobrece a formação de nossos jovens, seja ela para o mundo do trabalho, seja para o exercício da cidadania e também para a realização pessoal e social!
Prof. Chico Gretter, mestre em Filosofia e História da Educação pela FEUSP, vice-presidente da APROFFESP
Não esquecendo que este é um projeto de seguidos governos neoliberais que destinaram a escola pública para formação da mão de obra precarizada e não questionadora, cujo objetivo único é formar um exército de excluídos do sistema capitalista.