
Alberto Souza***
Por que este apoio? Não me parece difícil a resposta: primeiro, por não haver diferença ideológica de fundo entre o bolsonarismo e o eleito presidente da Câmara; segundo, o mais decisivo, o tal jovem direitista , com certeza, concorda em botar em votação o projeto de anistia dos golpistas do 8 de Janeiro. E mais ainda: deverá dizer ao governo de Lula que ele não resista a este intento, uma das prováveis condicionantes para que tenha seu aval a certos projetos governamentais.
Está explicada a aliança das direitas.
Agora, porque o PT e outros setores progressistas embarcaram na canoa de Mota - indicado de Lira e comprometido com o PL, partido do chefe do neofascismo brasileiro - não ficou claro para a maioria das torcidas do Flamengo e do Corinthians.
Ora, Mota abriu seu jogo de membro da direita, do que existe de mais reacionário no país, nada razoavelmente distante, como se pensa, do Bolsonarismo e, como a extrema direita,um agente do neoliberalismo.
Será, como Lira, chefe do governo 2, do Congresso, buscando enquadrar o governo 1 aos interesses dos grupos econômicos, mormente aos banqueiros; por ajustes fiscais de arruinar a vida do povo pelo bem bem dos donos do dinheiro.
E, sem vacilar, já mandou seu recado: que o STF não se meta no seu poder; que o Palácio do Planalto lhe obedeça; que no seu governo dele, Mota, todo poder ao Parlamento, com bilhões para parlamentares sem fiscalização de seu destino.
O governo Lula, PT e outros grupos progressistas na Câmara perderam a oportunidade de, com um mínimo de autonomia, de lançarem candidatura própria para presidente da Câmara, aproveitando o momento para dizer ao povo por que não se alinharam ao candidato das direitas; usando o momento para denunciar uma maioria do Parlamento que bloqueia todos projetos do Palácio do Planalto favoráveis ao povo, impossibilitando a colocação em prática de tudo que Lula prometeu ao povo, durante sua campanha eleitoral.
Seria o mais do que adequado instante para chamar o povo para a luta, identificando melhor seus inimigos.
Uma iniciativa político pedagógica.
Mas o governo e o PT, numa aliança medonha, de esquerda com a direita, até mesmo de deixar muita gente perplexa, foram, para os braços de Mota.
O candidato de Bolsonaro passou a ser, da mesma forma, o seu.
Terrível aliança de classes!
A burguesia a comemorou!
Agora, fortalecido com tantos votos para virar presidente da Câmara, Mota, ficando com seu compromisso não publicado com o Bolsonaro e seu séquito, sai em defesa do perdão aos criminosos de 8 de Janeiro.
Bolsonaro e seus seguidores e,em destaque ,os seus aliados a projetarem o fim da vida do próprio Lula, são os grandes vitoriosos da disputa pela presidência da Câmara Federal.
Fazem sua Festa!
Agora, é a classe trabalhadora procurar seu rumo, saindo do silêncio, antas de este ficar crônico.
Alberto Souza - Ex-vereador em SBCampo, Professor de literatura e Escritor.
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