Aldo dos Santos***
Foram dez anos de profunda mudança na conjuntura, no protagonismo da juventude, na materialidade das guerras híbridas e na manutenção da pauta da tarifa zero ou passe livre par todos e todas Já!
No final de ano de 2012, foi intensa a mobilização contra o aumento das passagens de ônibus, tanto na região do grande ABCDM e na capital em São Paulo.
Recordo-me que fizemos uma representativa reunião por volta do dia 28/12/2012, sobre a necessidade de aumentar a luta contra o aumento da passagem que estava previsto para o início do ano novo.
Foram aprovadas algumas propostas de encaminhamentos e, dentre elas, previa a organização e criação do comitê regional contra o aumento da passagem, manifestações regionais contra o referido aumento da passagem e um calendário de lutas e resistências.
No dia 6 de janeiro de 2013 acontece o primeiro ato público na cidade de Mauá, que além de importante participação, foi duramente reprimido pelas forças repressivas, inflamando a vanguarda e potencializando a luta na cidade e região.
As reuniões eram quase que semanalmente e foi agendada manifestação nas cidades da região e chamados frequentes para atos na capital.
O movimento passe livre teve capilaridade e ajudava na animação das manifestações com instrumentos agitativos para chamar atenção da população usuária do transporte e manter de certa forma a coesão do movimento e lutadores/as sociais.
2013 foi um ano marcado por inúmeras manifestações nas cidades da região, sempre patrulhadas pela força da delação e frequentemente íamos para as manifestações chamadas pelo movimento Passe livre na capital.
O movimento foi se ampliando com a juventude ganhando as ruas contra o aumento da passagem e com uma pauta de reivindicação acrescida de melhorias na educação, saúde, e habitação e liberdades.
Frequentemente comparecíamos ao consórcio intermunicipal para questionamento dos prefeitos, exigir o cumprimento da pauta popularizada pela juventude e frequentemente também éramos agredidos pelas forças repressivas do sistema.
As entidades da região que deram suporte abrindo suas subsede para as reuniões eram as subsede da apeoesp de Santo André, São Bernardo e eventualmente em outros espaços.
No dia 21 de junho de 2013, o paço municipal de São Bernardo do Campo foi palco de significativa guerra campal, onde a juventude e usuários do transporte foram brutalmente agredidos, mesmo diante de forte resistência da juventude, que contava nesta manifestação com cerca de 30 mil pessoas enfrentando heroicamente ao arremesso das bombas e balas de borracha que estremeciam até chão. Este foi um triste momento da política reacionária contra a juventude que estava em luta pelo passe livre.
Outro episódio marcante e lamentável foi a agressão desferida por um segurança do prefeito da cidade contra o militante do comitê e do Psol, Marcelo Reina, numa reunião dentro do próprio consórcio. Essa agressão teve muita repercussão política na região e é uma triste lembrança desses 10 anos de existência do nosso comitê.
Em vários momentos o comitê abraçou outras lutas e pautas realizando debates, panfletagens audiências públicas e embora desfocado atualmente, foi uma iniciativa que contribuiu fortemente na formação e educação política da juventude na região, além do zelo e respeito para com as organizações que participaram ativamente deste comitê.
Retomar o caminho da luta é preciso, focando nas pautas sobre o transporte público e o avanço destacado na comissão de transição do governo Lula, admitindo o lançamento da proposta do passe livre para todos e todas em todo o Brasil.
Precisamos a partir das ferramentas existentes, retomar a pauta, dando prioridade a mesma no grupo do comitê e utilizar o governo que ajudamos eleger para construir e avançar nas demandas reprimidas ao longo dos governos autoritários.
Em tempo : ficamos sabendo que a passagem de ônibus em sbcamnpo terá aumento abusivo a partir do dia 1° de janeiro de 2023 e certamente outras cidades também aumentarão.
Contribuição ao debate.
Aldo dos Santos . Militante sindical, das lutas populares e do Psol
28/12/2022
Coincidentemente ou não, hoje, ao utilizar o transporte público (que não é público, é privado), olhei para o preço da passagem: R$4,40. Lembrei-me que é sempre no início do ano que o trabalhador recebe esta paulada…
Lendo agora este recorte histórico de extrema relevância, é como descobrir a nascente de um rio. Um movimento que surge timidamente, mas com propostas mais que justas, ganha proporções enormes até transformar-se num movimento nacional: As Jornadas de Junho. Uma pena que o propósito foi disvirtuado, e a direita se apropriou das vozes das ruas.
É preciso sim reacender este movimento! As pautas ainda são as mesmas: Transporte, Saúde e Educação. E se o novo governo admite a necessidade de investir nestas áreas, cabe…